segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O "nariz de judeu" ideológico III

Dizia Octavio Paz que a cegueira ideológica é mais grave do que a cegueira biológica. Esta impede o homem de ver, a outra o impede de pensar. Volto a W. Martins para concordar com ele quando diz que se criou um círculo vicioso ao passarem os artistas a obedecer às normas estabelecidas pelos críticos, que somente reconhecem e consagram as obras que correspondam às suas doutrinas. Este vício incontornável aparece também na política e na literatura. Ou você escreve, ou age politicamente, de acordo com os críticos encapsulados nos jornais e outros meios de comunicação, caso contrário sobre você será estendido um cobertor de sombras, uma impenetrável cortina de silêncio, quando não a condenação aberta e injusta. O grande benefício prestado pelo livro de Afonso Romano Santanna foi descortinar essa impostura, agora profligada pelo mais famoso e acatado crítico literário do Brasil. Se a fraude e o embuste ganham corpo no Brasil, validando apenas o que é homossexual, indígena, racial ou de parceria ideológica, abominando como imprestável qualquer produto que não se enquadre nesse canhestro confinamento, onde tudo se transforma em ação entre amigos e numa ciranda de elogios mútuos, é imprevisível o destino de uma nação em que sobre a luz da liberdade está se apontando impiedoso e cruel “o nariz de judeu ideológico”. Essa permanente contrafação da arte, da literatura, da música, tornada permanente no Brasil, de que a educação é primus inter pares, coloca-nos a reboque no mundo civilizado, semelhantes apenas àqueles grupos que têm, como no caso do urinol de Marcel Dechamp, o único objetivo de abastardar conceitos estratificados ao longo do tempo pelos povos civilizados para cevar seus estrábicos preconceitos.

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