segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Última flor do lácio - a reforma ortográfica I

O jornalista José Maria Moreira, que herdou do pai Vivaldi Moreira as lições de como bem escrever, lança-me a luva para falar sobre o acordo ortográfico, objeto de longo e demorado concerto entre as nações da língua portuguesa e agora transformado, por decreto, em adoção obrigatória por todos. Como é natural, a proposição vem proporcionando acesos debates e não menores manifestações de solidariedade em favor de sua validade, tanto quanto opiniões sobre sua desnecessidade. O que existe de fato com nossa língua e que a põe em risco é a invasão maciça de estrangeirismos que a desfiguram e enfraquecem. A história está cheia de exemplos de povos na antiguidade que desapareceram à proporção em que a língua começou a sofrer a dominação por outras mais pujantes. O declínio de Roma teve início quando o latim "aurum" começou a ser substituído pelo latim "castrense". Se em tempos d'antanho a invasão se processava lentamente, nos dias modernos o contato com línguas estrangeiras pode levar à anulação desse elemento fundamental da comunicação humana. Se uma língua não é um ente morto, está em permanente mutação para adaptar-se à vida do povo a que serve, não menos verdade é que uma nação que não a cultiva, não a dissemina pura entre sua mocidade, condena-se a perder sua identidade nacional e, não raro, torna-se presa de modernas formas de conquista.

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