segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

A escalada descendente da ética I

O leitor de bom senso admitirá: o episódio de corrupção que atingiu o Tribunal de Justiça do Espírito Santo é indicativo de que a degradação da ética no Brasil, especialmente no setor público, está em escalada descendente. Como um câncer a devorar as entranhas da sociedade brasileira, seus sinais são expostos como carne podre no açougue das negociatas praticadas sob o manto da mais completa impunidade. Se ainda temos juízes no Brasil em quem se pode confiar, a exibição com feitio de escândalo da prisão de desembargadores envergonhou o Brasil e causou constrangimentos aos milhares de servidores da Justiça, em sua ampla maioria composta de pessoas decentes e honradas. Mas o sinal é de péssima qualidade, demonstrando que nem mesmo os órgãos judicantes estão protegidos contra a maré montante da permissividade moral que inunda o país, a começar pela cúpula do sistema político e administrativo. Tivesse havido punição para os mensaleiros federais e estaduais, pudessem a polícia e a Justiça desvencilharem-se das teias da burocracia dos códigos e das leis para apanhar criminosos em suas malhas, o exemplo seria suficientemente fecundo para desencorajar delinqüentes ousados e confiantes na omissão das autoridades.

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