domingo, 1 de novembro de 2009

O sermão eleitoral do Padre Francesco (crônica) I

Italiano de nascimento, seu nome era Francesco. Como apelido e por haver nascido na província de Veneza, nas proximidades do famoso e heróico Rio Piave, acrescentaram-lhe a alcunha de Del Piave. Recebendo ordens sacerdotais no seminário de Milão, Francesco Del Piave, dominado por grande sensibilidade social, sempre acalentou o sonho de poder prestar serviços religiosos e comunitários fora de seu país, em outras partes do mundo carentes de apostolado. O Brasil foi seu destino, mais precisamente o interior de Minas Gerais. Carregava um estigma na alma, marcado pelo assassinato de seu tio e protetor pelas Brigadas Vermelhas, razão de sua idiossincrasia pela política e pelo comunismo. Padre Francesco era um homenzarrão alto, espadaúdo, uma bela figura masculina. Quando vestia a sotaina preta ficava ainda maior garboso. Apesar de seu porte um pouco acima do normal para os padrões roceiros, sua voz era suave e sua face esbranquiçada emoldurava um sorriso franco e aberto, dando-lhe uma auréola de grande simpatia. A paróquia e a messe estavam desprovidas de operários desde muito tempo. Seu trabalho seria dobrado para trazer de volta ao aprisco as ovelhas desgarradas pela longa ausência do pastor. Impulsionado pela força da vocação religiosa e pela imensa capacidade de trabalho garantida pela mocidade, padre Francesco foi pouco a pouco reconquistando os fiéis para os ofícios religiosos

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