Não há como evitar a reabertura do debate nacional sobre o Movimento Revolucionário de 31 de março de 1964, que derrubou o governo João Goulart sob as comprovadas razões de que era ele agente de uma guerra revolucionária, em escala mundial, destinada a implantar o comunismo no Brasil. Ainda existem testemunhas presenciais dos acontecimentos, que podem dar seu depoimento sobre o quadro de anarquia imperante no país àquela época. O episódio está incorporado aos fatos históricos e, certamente, o tempo é reduzido para sua avaliação isenta, despida de paixões e ideologias, com claridade suficiente para permitir julgamentos insuspeitos.
(Publicado no jornal "O Tempo", edição de 29-03-2008)
sábado, 29 de março de 2008
31 de Março de 1964 II
Eu fui testemunha presencial de muitos daqueles episódios desencadeados a partir da renúncia atabalhoada do presidente Jânio Quadros, atitude amalucada que quase coloca o país em estado de guerra civil. Uma imediata conseqüência foi o imprudente manifesto dos ministros militares de 30 de agosto de 1961, colocando embargos à assunção ao poder pelo vice-presidente Goulart e o surgimento de séria divisão dentro do Exército com adesão do general Machado Lopes à posição assumida por Brizola e sua “rede da legalidade”. Daí para frente e evidenciadas as razões do declarado impedimento - a comprovada participação de Jango no movimento subterrâneo de guerra revolucionária em curso nas diversas latitudes e longitudes - a crise foi num crescendo assustador. A inflação disparava. Era o reino do caos. Remédios convencionais aplicados, a exemplo da instalação do sistema parlamentar de governo, foram insuficientes para debelar a agitação, as greves, a inflação galopante e a ação equivocada do dispositivo de Goulart em provocar a quebra da hierarquia e a disciplina nas Forças Armadas. E aí estava localizado seu calcanhar de Aquiles, para o qual não teve sensibilidade e a visão de estadista necessárias para indicar-lhe os erros praticados e os riscos a que colocava a frágil democracia brasileira.
31 de março de 1964
A deterioração do quadro social, econômico e político atingia o paroxismo a partir do segundo semestre de 1963 e início de 1964, quando no exíguo prazo de 18 dias João Goulart e seu governo cometem três fatais imprudências e não menores provocações: comício no dia 13 de março na Central do Brasil, revolta dos marinheiros no dia 27 de março e festa dos sargentos no Automóvel Clube no dia 30. Em menos de 24 horas, fato inédito na história da América Latina, em tempo marcado no mundo por guerrilhas explodindo em toda parte, seqüestros, atentados terroristas acionados pelo movimento comunista mundial, apressada mobilização militar partida de Minas põe a correr em fuga às embaixadas os esquerdistas, sem derramamento de sangue, enquanto a extrema-direita civil, comandada por Ademar e Carlos Lacerda, é desmobilizada pelo governo militar instalado e perde toda sua influência no cenário político. Durante este quase meio século, os militares foram vítimas de sórdidas e mentirosas acusações. Quando no combate à guerrilha urbana e rural, é possível tenham praticado excessos. O importante hoje é tudo fazer para retirar das Forças Armadas esta crosta de “slogans” pejorativos que sobre elas foram lançados durante todos esses anos. Aí estão elas, novamente convocadas para combater a dengue, tal como em 64 para debelar a dengue moral que assolava o Brasil. 31 de Março de 1964 é data histórica. Não há como desconhecê-la e é justo seja comemorada, com pompa e circunstância
sábado, 22 de março de 2008
A Igreja Católica e a conjuntura IV
A reação de Dom Walmor veio em boa hora para colocar termo à enxurrada de tolices proferidas no curso da votação no Supremo da ADIN referente ao uso das células-tronco embrionárias. Ninguém deve ficar surpreendido com estas posições tomadas pela Igreja Católica, fundadas nas razões teológicas em que assenta sua eternidade. Ao Vaticano não causam o menor incômodo as verrinas atiradas à sua face, pois todas estas matérias têm como ponto de partida, como disse Dom Walmor, “a ética advinda da fé que professa” para acrescentar com precisão que “esta fé professada ilumina raízes e alcança da vida que estão para além, simplesmente, de uma compreensão da vida na sua materialidade”. Como considera a vida um “dom sagrado”, a Igreja não teme “adjetivações pouco elegantes e até levianas, pois tem que levar em frente esta tarefa de promover o diálogo entre a fé, a razão e as ciências”.
A Igreja Católica e a conjuntura III
A reação de Dom Walmor veio em boa hora para colocar termo à enxurrada de tolices proferidas no curso da votação no Supremo da ADIN referente ao uso das células-tronco embrionárias. Ninguém deve ficar surpreendido com estas posições tomadas pela Igreja Católica, fundadas nas razões teológicas em que assenta sua eternidade. Ao Vaticano não causam o menor incômodo as verrinas atiradas à sua face, pois todas estas matérias têm como ponto de partida, como disse Dom Walmor, “a ética advinda da fé que professa” para acrescentar com precisão que “esta fé professada ilumina raízes e alcança da vida que estão para além, simplesmente, de uma compreensão da vida na sua materialidade”. Como considera a vida um “dom sagrado”, a Igreja não teme “adjetivações pouco elegantes e até levianas, pois tem que levar em frente esta tarefa de promover o diálogo entre a fé, a razão e as ciências”.
A Igreja Católica e a conjuntura II
O pedido de vista do Ministro Carlos Alberto Direito mereceu duro ataque dos defensores do projeto, sob o argumento de que defendia a posição da Igreja, obscurantista, conservadora e outros adjetivos de mau gosto. Essas injustas afirmações mereceram contestação de eminentes prelados, dentre os quais o Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte Dom Walmor de Oliveira Azevedo, com palavras que merecem ser reprisadas. Disse o metropolita de Belo Horizonte que “são inúteis as vociferações que adjetivam levianamente a Igreja Católica como obscurantista, quando ela entra nas discussões todas, oferecendo a iluminação singular que vem dos valores do Evangelho de seu Mestre e Senhor” e mais “que pesquisas científicas que têm diante de si o problema crucial da vida não podem prescindir de uma séria base epistemológica com espaço para contribuição própria de cada ciência”.
A Igreja Católica e a conjuntura
No final do século 19, período em que a Igreja enfrentou severas lutas contra seus detratores e adversários, especialmente por haver lançado poderosa contradita ao Manifesto Comunista de Marx com a Encíclica Rerum Novarum, de Leão XIII, Napoleão confessava que suas armas falharam diante da Igreja. Outro historiador, declaradamente ateu, sentenciava: “A Igreja viu os primórdios de todas as instituições que o mundo conhece e nós não temos absoluta certeza de que não esteja também destinada a lhes ver o fim”. Acredito que assim será, até a consumação dos séculos. É o que vem ocorrendo na atualidade brasileira em face do debate a respeito do uso de células-tronco embrionárias para efeito de pesquisa e a tentativa do ministro da Saúde de legalizar o aborto e promover outras extravagâncias.
sábado, 1 de março de 2008
Imagens chocantes
As imagens exibidas ontem pelo canal de TV Bandeirantes, causaram choque e comoção na opinião pública. Com cruel realismo, mostraram a agonia de duas crianças recém-nascidas num hospital de Belém, sem socorro, depois de suas mães navegarem por 10 horas até a capital paraense. A cena das mães em choro convulsivo, provocado pelo desespero, fazem pó da publicidade governamental acerca da situação da saúde no Brasil. Os discursos presidenciais de auto-louvação passam a ser meras fantasisas de ficção governamental. Quem assistiu à cena não conseguirá apagar por muito tempo da memória auditiva o choro desesperado da mãe. Pobre Brasil.
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