segunda-feira, 16 de junho de 2008

Arthur Bernardes o Brasil e a Amazônia I

O colorido Ministro do Meio Ambiente foi à Alemanha em busca de recursos para financiamento de um instituto internacional para estudos da região amazônica. Segundo informações, idêntica providência seria tentada na Noruega, sempre confinada à perigosa rubrica: instituto internacional para estudos da região amazônica. É a renovação de um filme que o Brasil já conhece e que levou o presidente Arthur Bernardes a proferir eloqüentes discursos na Câmara Federal em protesto contra a idéia de internacionalização da Amazônia com o título de Hiléia Amazônica. Era a forma malandra adotada por potências estrangeiras para um lento e gradual processo de transformação da rica e portentosa área em patrimônio comum a toda humanidade. Há dias, o presidente Itamar Franco protestou junto ao presidente da República contra esta perigosa ação internacional. Cuidando apenas de política, Lula não deu maior importância ao protesto de Itamar, enquanto seu colorido ministro continua fazendo as mesmas investidas internacionais.

Arthur Bernardes o Brasil e a Amazônia II

Recordo o tema para dar evidência à atualidade de algumas palavras do presidente Bernardes sobre o Brasil: “O Brasil atravessa uma crise sem precedentes na sua História. Nunca ele se viu rodeado de tantas desgraças reunidas como nos dias aziagos que vivemos. Todos conhecem e sentem essas desgraças, e os males aí estão, patentes, para confirmá-lo. São crises de várias naturezas: moral, política, social, econômica, alimentar e financeira. No plano moral, a corrupção de costumes". "A palavra empenhada já nada vale e a bem dizer, não há compromissos que prendam os homens. A sede imoderada de riqueza levou-os a se perderem no materialismo, que se desenvolve a olhos vistos, esquecendo-se eles dos deveres de probidade”. "Os laços de família se afrouxam; a disciplina doméstica se escapa e a própria sociedade parece estremecer nos seus antigos fundamentos. No plano político, vemos a Nação dilacerada pelas dissensões: as paixões dividindo os homens e as divergências separando-os, quando devíamos estar unidos, nesta hora de reconstrução nacional". "No plano econômico, a subversão das leis fundamentais da ciência da riqueza, que é a economia política, gerando a queda de produção, a crise alimentar, o pauperismo e a fome".

Arthur Bernardes o Brasil e a Amazônia III

". Essas candentes palavras foram pronunciadas no dia 25 de novembro de 1946 pelo Deputado Artur Bernardes no plenário da Câmara dos Deputados. Há sessenta e dois anos, com sua imensa e inquestionável autoridade moral e política, o antigo Presidente da República colocava o cautério nas mazelas nacionais, desnudando-as perante a nação perplexa. Se essas considerações fossem feitas nos dias de hoje estariam carregadas de palpitante atualidade, com a circunstância de que o panorama social e econômico agravou-se terrivelmente, a autoridade falece em todos os setores, a impunidade estimula o crime e a corrupção nos altos escalões aumenta a descrença da população nos políticos

Artur Bernardes o Brasil e a Amazônia IV

. Nada mudou, desde então. Se experimentamos melhoras em certos setores, aquele de que mais depende a nação e suas instituições caiu a níveis muito baixos. Estou fazendo menção aos quadros políticos e dirigentes da nação, começando pelos vereadores até os mais altos escalões da República. Naqueles dias da Constituinte de 1946 as palavras duras de Bernardes poderiam parecer exageradas, quando os quadros políticos do país apresentavam figuras de alto valor moral e intelectual. Se fossem pronunciadas hoje, a elas ninguém oporia reparos de nenhuma natureza. Há muitos anos o Brasil não experimenta doença moral de tamanha gravidade, envergonhando os homens de bem que passam a exigir um líder com autoridade moral e política para comandar uma cruzada pela reabilitação ética da nação. O Brasil reclama esta clarinada, para reunir forças capazes de por termo à tragédia inevitável.

domingo, 15 de junho de 2008

Previsão confirmada

Se a seleção do Brasil não conseguiu nada diante do Paraguai, sentirá os efeitos de sua falta de competência futebolística no próximop dia 18, aqui no Mineirão. Assistindo pela televisão ao jogo contra o Paraguai, lembrei-me das atuações do Atlético, quando seus jogadores sequer eram capazes de um passe certeiro. Uma pena. Vamos colocar o coração à larga para novas decepções. Com este time o Brasil não conseguirá chegar ao final.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Incursão futebolística

Espero estar enganado. Até gostaria muito de estar enganado. Depois que assisti aos jogos das seleções da Holanda 3 X Itália 0 e Espanha 4 X Rússia 1 fui levado a compará-las com o time que o técnico Dunga está organizando e chegar a uma conclusão: dificilmente o Brasil terá chance diante delas, isto sem falar nas seleções da Alemanha, Inglaterra e dos países eslavos. Tomara esteja equivocado nesta previsão lutuosa. Dizem que os jogadores escalados são apadrinhados dos "empresários", verdadeiros donos deles e de seus passes.

domingo, 8 de junho de 2008

As lições do menino soletrador I

O episódio televisivo em que o principal personagem foi o jovem padre-paraisense ÉDER CARLOS COIMBRA está carregado de expressivas e belas lições. Se do justificado orgulho que dominou o coração de seus conterrâneos, que fez explodir em manifestações públicas de contentamento e alegria pelo sucesso do jovem estudante, podendo levantar suas cabeças e reivindicá-lo coletivamente, não menos verdade é que o êxito aplaudido por todo o país resultou de inaudito esforço individual, em meio sabidamente carente num quadro de problemas educacionais agudos, encontrado não apenas em Padre Paraíso, mas em todo o Brasil. Com apenas 14 anos de idade, cursando a sétima série do ensino fundamental, o jovem Éder Carlos Coimbra demonstrou admirável força de vontade e desejo de sobrepor-se aos obstáculos que sua privilegiada inteligência identificou nos primeiros anos escolares. Embora a Escola Municipal Ramiro Caíres, de que é aluno, não esteja incluída no rol daqueles estabelecimentos pouco cuidadosos com o ensino e a educação, ao se debruçar sobre os livros e, em especial, os dicionários equivocadamente apelidado de “pai dos burros” , quando em verdade os léxicos são a mãe da sabedoria e da cultura, o jovem Eder sentiu que caberia tão somente aos seus esforços superar os óbices de uma estrutura fragilizada pelo abandono governamental.

As lições do menino soletrador II

Resolveu, em atitude demonstrativa de sua vocação para o sucesso e a vitória, romper com a mediocridade ambiente e partir em busca de caminhos novos que, tinha certeza, o conduziriam ao pódio em que têm lugar os triunfadores. Se o momento sugere apenas aplausos e comemorações, deve-se tirar dele os ensinamentos e as verdades que suscita, especialmente para dar maior evidência ao desprestígio que a educação merece dos governos, seja pela baixa remuneração dos docentes, pela sua deficiente preparação em cursos que se tornaram instrumentos de ganância comercial, pela carência de elementos materiais nas escolas que possibilitem ao alunado preparo mais apurado, falta de bibliotecas que impede a pesquisa e o estudo, enfim, um cortejo de problemas que somente são superados quando alguém se sente dominado pelo sentimento de verdadeiro cruzado para romper as barreiras políticas, sociais e econômicas. Foi o que aconteceu com o estudante Éder Carlos Coimbra. Em minha opinião, esta é a lição mais expressiva que brota da experiência vitoriosa do jovem Éder, cuja dedicação aos estudos transformou-se, de repente, no mais expressivo modelo de aplicação a florescer pelo Brasil afora. Milhares de Éders surgirão de seu exemplo e para os habitantes de Padre Paraíso o desafio de retirar de seu modelo força e vigor para encetar caminhada firme e decidida na direção do progresso.

As lições do menino soletrador III

. Os números da educação brasileira são uma tristeza, senão uma calamidade. Apenas para comprovar a afirmação, eis algumas amostras, especialmente das escolas públicas: 75% das escolas de ensino fundamental no Brasil não têm sequer biblioteca, 80% não têm sala de vídeo, 91% não dispõem de laboratório de ciências, a falta de computadores atinge 62% e 83% não têm laboratório de informática, sendo que neste amplo universo de precariedade cerca de 80% não têm como acessar a Internet. Fácil será perceber a razão pela qual, das cotas estabelecidas pelas universidades para alunos da rede pública, apenas cinqüenta por cento foram aproveitadas. O restante demonstrou total inaptidão para ultrapassar os portões das escolas superiores. Se os números apresentados não forem suficientes para demonstrar o abandono em que se encontra o ensino público no Brasil, convém não esquecer que pelos grotões, maiores ou menores, espalhados por este imenso território, o quadro constante e revoltante é sempre o mesmo: prédios caindo, livros didáticos de péssima qualidade e, volto a repetir, professores mal remunerados e igualmente mal preparados. Esta é a grande e triste verdade.

terça-feira, 3 de junho de 2008

O verdadeiro Plano Real I

Na Câmara dos Deputados havia uma servidora que conhecia todos os segredos de funcionamento da instituição. Viera do Rio de Janeiro com a transferência da capital para Brasília. Era inexcedível nas atenções para com os deputados. Nordestina, com sotaque característico que mais acentuava sua simpatia, não era nem muito bonita nem muito feia. Seu corpo era atraente. O que mais contribuía para seu imenso prestígio parlamentar era o desdobrar-se para servir a todos no plenário, nas comissões, resolvendo dúvidas dos neófitos, enfim, uma espécie de pronto-socorro legislativo. Certo dia, nossa heroína apareceu grávida. Continuava lépida, ligeira, prestativa e sempre pronta a responder a inevitável pergunta sobre quem era o pai do nascituro. Com um sorriso malicioso no rosto tinha na ponta da língua a resposta: o plenário. Lembrei-me desse episódio a propósito da outorga pelos deputados da Assembléia Legislativa do Estado do Rio da comenda “Pedro Ernesto” aos economistas, em sua opinião, autores do Plano Real. Esqueceram de convidar o presidente Itamar Franco, gesto de descortesia comparável ao equívoco histórico cometido. Sempre foi disputa acirrada entre economistas e FHC sobre a paternidade do Plano Real, que o ex-presidente presidente timbra em atribuir a ele, então Ministro da Fazenda do governo Itamar Franco. O verdadeiro pai do Plano Real foi o Presidente Itamar Franco

O verdadeiro Plano Real II

. Não é necessário fazer exame de DNA para obter o registro cartorial da paternidade das medidas que garrotearam a subida de preços e deram aos brasileiros a sonhada estabilidade depois de períodos sucessivos de inflação galopante. Governar é saber escolher. Foi a sabedoria e a intuição de Itamar que clarearam sua mente e acionaram seu braço para decretar a morte da inflação, com a adoção de um planejamento até então não testado e sujeito a percalços no curso de sua execução. Se desse errado, como tantos outros que adotaram o nome de seus criadores, ninguém estaria procurando identificar seu autor. Filho feio não tem pai, ao contrário daquele que nasce forte e formoso. No regime presidencialista, de feição quase imperial como é o brasileiro, nada acontece sem a vontade e a decisão do presidente da República. No caso do Plano Real, Itamar soube ouvir, ponderar, auscultar opiniões. Foi iluminado por aquela misteriosa centelha que costuma aparecer aos estadistas quando estão em estado de graça e sintonia com o sentimento do povo. Muitos foram os cérebros privilegiados que consertaram a engenhosa fórmula do plano. Não houvesse uma conjugação de circunstâncias favoráveis, e a principal delas foi a intuição e a capacidade de decidir de Itamar, teríamos mais uma das especulações teóricas, transformadas em livros a aumentar o volume das bibliotecas dos tecnocratas e os arquivos da burocracia. A batalha da inflação foi vencida.

O verdadeiro pai do Plano Real III

Não mais assaltam dúvidas sobre o verdadeiro pai do Plano Real. Esta discussão não teria mais sentido diante da verdade histórica. Foi reaberta diante do gesto indelicado de parlamentares estaduais do Rio de Janeiro, convocando os economistas que assessoraram o governo federal na elaboração do Plano Real para tributar-lhes homenagens como autores do plano, esquecendo-se do presidente Itamar Franco, seu verdadeiro autor. Quem tem boa memória há de recordar o halo de incredulidade que revestia o lançamento das idéias contidas no milagroso esboço de medidas para debelar a inflação. Poucos acreditavam nelas, atitude natural de quem já vira fracassar retumbantes planos anteriores, todos condenados ao fracasso pela inclemência do combate de certo tipo de empresário e capitalista, interessado somente no seus fabulosos lucros, sempre crescentes com o insumo da praga inflacionária. Esta lembrança tem apenas o objetivo de praticar um ato de justiça, ensinado pelos antigos com o célebre aforismo “suum cuique tribuere”. Ao presidente Itamar, verdadeiro pai do Plano Real.