domingo, 30 de novembro de 2008

A irresponsável semeadura de ventos I

Para dar pasto à sua irresistível vocação para a demagogia e o populismo, a Câmara dos Deputados aprovou projeto que estabelece critérios para cotas nas universidades e escolas técnicas federais, modelo perfeito da imprudente tentativa de estimular a divisão do país com base em preconceito racial. Nos países civilizados, todo o processo educacional tem um único fundamento: o mérito. Há variáveis, em que são atendidas situações especiais para superação de graves e eventuais circunstâncias. A simples observação dos critérios usados pelo presidente eleito Obama na escolha de sua equipe de governo, envia sinais do quanto o mérito é importante, identificado na supremacia de pessoas originárias das famosas universidades norte-americanas em lugar de ceder espaço para o aparelhamento do seu governo com a convocação de meros cabos eleitorais do Partido Democrata. Ao contrário do que se faz no Brasil de hoje, onde as convocações são feitas com o único propósito de aparelhar o Estado para o partido.

A irresponsável semeadura de ventos II

. O projeto aprovado na Câmara estimula de forma irresponsável a divisão do Brasil entre pessoas de cor, quando o objetivo é esforçar-se para redução das desigualdades, sejam elas de raça ou de posição econômico-social. Fixando critérios de coloração da pele como o único válido para entrada nas universidades, os ilustres parlamentares brasileiros enterram definitivamente o critério do mérito e da competência para formação dos quadros futuros da vida nacional. Há longo tempo vem caindo a qualidade do ensino no Brasil, seja no fundamental, no médio ou universitário. A cada novo teste que se processa em escala nacional, a educação vem decaindo, com reflexos intensos na estruturação da sociedade, hoje submetida a contemplar impotente o crescente domínio dos critérios do compadrio ou ideológicos para escolha de quadros administrativos e políticos. Há algumas exceções.

A irresponsável semeadura de ventos III

Enquanto o ensino básico vai de mal a pior pelo abandono a que está relegado, pela má formação de professores e sua baixa remuneração, pela péssima qualidade material das escolas, a desconstrução do ensino médio é o reflexo da queda de qualidade nas universidades, falhas em sua missão de preparar pedagogos para a relevante missão de ensinar. O projeto aprovado agride o bom senso e se coloca em desacordo com o pensamento majoritário da população, evidenciado nas pesquisas publicadas em que mais de 60 por cento das pessoas ouvidas, de variadas procedências raciais, econômicas e sociais, manifestaram-se em desacordo com o estabelecimento de cotas baseadas nos critérios raciais e econômicos. Outra rematada tolice foi dar privilégio de matrícula aos egressos de escolas públicas, hoje reconhecidamente de má qualidade, inteiramente colocadas pelo governo a serviço de ideologias antidemocráticas. Finalmente, muito mais do que pretender criar uma dicotomia racial entre os brasileiros, melhor seria estabelecer mecanismos capazes de reduzir as grandes desigualdades ainda existentes no Brasil. Estimulando a divisão pela via racial, os legisladores brasileiros estão apenas semeando ventos para colher tempestades em breve futuro. É só ter paciência e esperar.

A irresponsável semeadura de ventos IV

. Enquanto as chuvas despedaçam o que sobrou das escarpadas serras catarinenses, indicação precisa da justeza do que escrevi neste espaço da última semana, isto é, o despreparo das cidades brasileiras e a falta de planejamento urbano decorrente do gigantismo de algumas delas, as imagens proporcionadas pela tragédia são o retrato perfeito do quanto sofrem ao mais pobres habitantes dessas localidades. Escorraçados da área rural pelo abandono a que são relegados pelo governo, milhares de patrícios nossos migram para as cidades e se aboletam às margens dos morros e córregos, início das tormentas que se abate sobre eles em períodos de chuvas desreguladas. Seu sofrimento parece não ter fim.

domingo, 23 de novembro de 2008

Chuvas, pobreza e sofrimento no verão I

Os antigos diziam: “chuva não quebra ossos”. Em verdade, não são as chuvas que estão matando em Belo Horizonte e espalhando pânico por toda Minas Gerais e o Brasil. O que está sacrificando centenas de pessoas é a pobreza e a miséria, obrigadas a se amontoarem nas encostas e nas margens dos ribeirões e regatos poluídos na periferia das cidades, expulsas, em sua maioria, da zona rural ou dos pequeninos núcleos de povoamento do interior. Há nas pessoas um sentimento paradoxal com relação à precipitação pluvial. A muitas parece excessiva. Ao contrário, tem havido falta dela. A falta de chuva, pelo menos nas áreas onde ela aparece com mais freqüência, tem trazido graves danos à agricultura, à pecuária, reduzindo as nascentes e os lençóis freáticos. Nas regiões onde tradicionalmente o clima é adverso, a exemplo do vale do Jequitinhonha, Noroeste e Nordeste de Minas, a chegada das chuvas é recebida como uma pródiga benção dos céus. Quantos nascidos naquelas paragens não se recordam das procissões de centenas de pessoas, conduzindo pedras na cabeça das margens de um pequeno riacho até a cruz colocada no ponto mais alto do povoado, entoando cânticos sagrados destinados a “chamar chuva”.

Chuvas, pobreza e sofrimento no verão II

É preciso, pois, examinar a tragédia das grandes cidades sob outro prisma, sem maldizer essa verdadeira graça que vem das nuvens, encharcando a terra e molhando a semente intumescida que nos dará o pão e o fruto. O drama que se repete a cada ano é produto da falta de planejamento de nossas cidades, todas sofrendo a doença grave do inchaço pela chegada de ondas e ondas de migrantes expulsos da zona rural, em muitos casos pela falta de chuvas e também pela ausência de política agrícola, saúde e educação no campo. Escorraçados pela fome e a miséria, aboletam-se como podem nas encostas e nas margens dos córregos, perambulam pelas ruas à busca das migalhas e das sobras, enquanto mandam suas crianças esquálidas e andrajosas para despertarem a caridade e a comiseração dos que passam, arrecadando o mínimo com que conseguem mitigar a fome de cada dia. Quando chegam os meses pluviosos do fim do ano, somente as contritas orações desses pobres não são suficientes para deter a fúria destruidora das águas, que tudo destroem em sua passagem mortífera, levando os trastes que conseguiram ajuntar nos barracos de lona dependurados no morro.

Chuvas, pobreza e sofrimento no verão III

Em meio a toda essa dramática cena de mortos e desabrigados amontoados, os belos exemplos de solidariedade apresentados pelos bombeiros, policiais militares e homens do povo, não conseguem elidir a irresponsabilidade dos governos encarregados de resolverem tal tipo de problema, que se repete sazonalmente. Quem vive da terra, quem moureja na dura faina da agricultura, não maldiz a água que desce dos plúvios. Ao contrário, festeja-a como se saudasse a alvorada da própria vida. Mas para esses infelizes e deserdados que fugiram do campo pela falta dela, sem passado, sem presente e sem futuro, as águas do verão transformam-se a cada ano em sofrimento, dor e morte. O estigma que os acompanha é o de serem pobres em demasia, quase miseráveis. As chuvas retornam com seu poder destruidor nas grandes cidades onde não existem soluções urbanísticas capazes de detê-lo. Nas regiões do norte, Jequitinhonha e nordeste de Minas elas são festejadas pelo grande bem que fazem à terra, até então ressequida e com sinais de fragilidade em decorrência da estiagem prolongada. A imprensa fornece apenas a visão catastrófica do desastre nas áreas periféricas das grandes cidades ou até mesmo nas menores, esquecendo-se de detalhar com expressividade os incontáveis benefícios que as chuvas trazem para a agricultura e a produção. Bendigamos-las, pois elas são um regalo da natureza, que mesmo tão maltratada não se furta a nos socorrer quando em dificuldade.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Lançamento do livro "O País dos PeTralhas"

Fui assistir ao lançamento do livro do jornalista Reinaldo Azevedo, um dos mais conhecidos e conceituados jornalistas do Brasil graças ao seu eficiente "blog" na internet e eventuais artigos de fundo da revista Veja. Fiquei vivamente impressionado com a presença amplamente majoritária de pessoas jovens, de permeio com muitas mulheres. Grande parte do livro, de excelente qualidade gráfica e não menor densidade, já foi lido através de seu "blog". O inédito é da mesma qualidade. Antes dos autógrafos, Reinaldo Azevedo falou longamente sobre os problemas brasileiros, assinalando aqui e acolá o que lhe parece mais estapafúrdio e escandaloso. Um sucesso, contemplado com generosos aplausos. Em minha opinião, neste mar de pusilânimidade política que inunda o país, Reinaldo Azevedo é uma das poucas ilhas de coragem moral e sinceridade, exercidas com competência e certa dose de paixão, indispensável às grandes causas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O povo ao poder - Castro Alves

(. . . )
A praça! A praça é do povo
Como o céu é do condor
É o antro da liberdade
Cria águias em seu calor.
( . . .)

Brasil, país do futuro comprometido I

Há quase meio século, o escritor austríaco Stefan Zweig aqui exilado escreveu Brasil país do futuro, de exaltação ao país que o acolhera. O livro obteve intensa repercussão aqui e no exterior pelo belo hino que fazia de nossas maravilhas. Em natural assomo de civismo, começamos a indagar qual o futuro previsto pelo escritor em fuga do nazismo, se o porvir terá verdadeiramente chegado ou ainda falta muito tempo para atingi-lo completamente. Sem atitude negativista, forçosamente temos de concluir que as predições começam a sofrer constantes adiamentos, tais os fracassos e a conduta dos homens responsáveis pelos destinos da nacionalidade. Os números que os organismos internacionais, especialmente as Nações Unidas, apontam nesta quadra, são verdadeiramente estarrecedores. O Brasil apresenta um dos maiores índices de mortalidade infantil na América do Sul, com cerca de 23 óbitos por mil crianças nascidas antes de completarem um ano, sendo superado tão somente pelo Paraguai e a Bolívia, estes dois campeões do abandono das políticas materno-infantis, sempre vencidas pela miséria e o desgoverno. Se assim é no início da vida, também para seu ocaso o Brasil está vencendo o campeonato mundial da mortandade, sendo classificado pelas Nações Unidas como um dos líderes mundiais de assassinatos.

Brasil, país do futuro comprometido II

São assustadores os índices de criminalidade, de que não está livre a maioria das grandes cidades brasileiras. Mata-se mais gente por ano em nosso país do que as explosões de homens-bomba no Iraque, no Paquistão e no Afeganistão, o que nos coloca na triste posição de destaque no concerto tenebroso da indesejada das gentes. Pagamos juros de 2000 a 2007 de R$ 1,268 trilhão de reais de juros da dívida pública e empregamos na educação apenas R$ 149,9 bilhões. De cada 10 reais arrecadados pelo governo, numa política fiscalista exagerada, oito foram destinados ao pagamento de títulos da dívida. Enquanto estes dados negativos assustam e incomodam, começaram a aparecer as primeiras vítimas da dengue, cujo vetor não respeita o discurso palavroso do Ministro Temporão e continua dando suas picadas fatais ante a indiferença e incompetência governamentais. Este arrolamento de desastres merecerá do leitor retificações ou acréscimos na imensa listagem de problemas que continuam afetando a população, não obstante o discurso torrencial do presidente

Brasil, país do futuro comprometido III

. Se tudo isto é grave, mais danoso ainda é o comportamento do Congresso ao examinar o tema da reforma política, algo indispensável para impregnar de um mínimo de moralidade e seriedade a ação daqueles que buscam o sufrágio popular. Em lugar de cuidar da implantação de medidas que criem óbices ao abuso do dinheiro nas eleições, de criar o sistema de eleição por distrito como único antídoto contra a corrupção eleitoral, de estabelecer regras para financiamento de campanhas, impor em definitivo a fidelidade partidária, nossos ilustrados congressistas buscam tão somente criar uma “janela de infidelidade” que permita o imoral troca-troca de partidos. Um verdadeiro atentado à democracia, agravado agora com a teimosa desobediência da direção da Câmara dos Deputados em acatar a decisão judicial que determinou a perda de mandato de deputado infiel. O adiamento injustificado da reforma tributária e especialmente da reforma política (desta dependem todas as outras para o bem do país) é o anátema mais forte que se projeta sobre os homens públicos brasileiros. Se alguém de posse de sua plena capacidade intelectual imaginar poder vislumbrar o futuro previsto por Zweig, diante do quadro humano em plena desagregação que nos dirige, deverá estar sonhando ou passando por intensa alucinação. Não faltará quem dirá que nada disto tem importância, pois o Brasil acaba de conquistar o título mundial de o mais belo “bumbum” do mundo, com que Deus e a natureza prodigalizaram uma bonita gaúcha. Estamos todos salvos.

sábado, 15 de novembro de 2008

Marco Aurélio - Pensamentos -Livro VI, 17

Para cima, para baixo, circularmente, torvelinham os átomos. Mas o movimento da virtude não se insere em nenhum destes movimentos. É qualquer coisa de divino e por vereda difícil de conceber é que ela segue o seu caminho

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

A perigosa falência do ensino médico no Brasil I

O mundo inteiro reagiu com natural alegria e sensação de alívio à vitória de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos. Depois de um consulado de oito anos do presidente Bush, assinalado pela tragédia de 11 de setembro de 2001 que estigmatizou seu governo e marcou com ferrete a alma dos americanos ao agredir a consciência livre do mundo, uma guerra inacabada no Iraque e outras investidas militares nos diversos quadrantes, o desejo de uma profunda mudança nos quadros humanos governamentais de Washington e a substituição de uma mentalidade belicista por acenos de paz e concórdia, o grande país do norte encontrou no jovem senador por Illinois o porta-bandeira para conduzir este processo que tem início sob os melhores augúrios. Enquanto jornais, rádios e televisões se entregam à euforia do momento, dedicando-lhe a quase totalidade de suas pautas, em nosso quintal vem a furo séria e grave denúncia ligada ao setor educacional

A perigosa falência do ensino médico no Brasil II

Convém antes recordar que um dos indicadores mais palpitantes do grande progresso dos EUA está localizado no primado, quer ontem e hoje, dado à educação de sua juventude. Ali estão implantadas as melhores universidades do mundo, os mais categorizados centros de pesquisa, os melhores pensadores nas diversas áreas do conhecimento, conduzindo a nação a uma indiscutível posição de liderança. Invoco este exemplo para comentar a notícia que ouvi sobre o alto percentual de estudantes de medicina reprovados nos exames, com sérias indicações de despreparo para o exercício da nobilitante profissão. Cerca de 80 por cento nas faculdades de medicinas particulares e cerca de 60 por cento nas públicas foram os índices de reprovação. Ao serem tornados públicos estes assustadores dados, a eles vinham agregados outros indicadores sobre o baixo nível de preparo dos acadêmicos de medicina, grande parte deles incapaz de identificar um paciente com tuberculose ou fazer um diagnóstico do mais simples dos males. A denúncia formulada pelo rádio por importante liderança médica de São Paulo, membro de prestigiosa entidade, estarreceu quantos a ouviram, cheios de natural preocupação com a catástrofe que se avizinha no quadro da saúde pública brasileira.

A perigosa falência do ensino médico no Brasil III

É claro que estas informações divulgadas pelos meios de comunicação, que gozam de reputação pela seriedade com que se conduzem, carecem ainda de mais detalhada apuração. Ocorre que a firmeza e convicção com que foram trazidas a público são indicativas de sua veracidade, pois se justapõem ao quadro de decadência do ensino particular e público no Brasil, cujo governo permite a proliferação de faculdades de medicina e quejandos em lugares onde não existe o mínimo de condições pedagógicas para sua sustentação. Além da improvisação de professores, a inexistência de hospitais destinados ao tratamento prático dos docentes acaba por transformar o diploma apenas numa gazua para proporcionar a chance de um bom emprego público e o aumento do sofrimento em milhares de desafortunados. Os sorrisos pela vitória de Obama e da democracia cederam lugar ao cenho triste pela péssima notícia sobre a educação médica no Brasil. Foi a antevisão da catástrofe.

A perigosa falência do ensino médico no Brasil IV

Os números apresentados pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo não deixam dúvidas. Dos 679 alunos do último ano de graduação das faculdades públicas e privadas, que prestaram exame de habilitação profissional (semelhante ao exame da OAB para advogados), 61% não conseguiram passar da primeira fase, pois não provaram ter conhecimentos mínimos nas áreas de pediatria, ginecologia, obstetrícia, clínica médica e cirúrgica. Este quadro identificado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo, com toda exatidão, deve ser o mesmo encontradiço nos demais Estados, onde faculdades de medicina são criadas sem o menor cuidado e observação das condições mínimas exigidas para seu funcionamento. Que Deus tenha pena do Brasil e de seus doentes.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A vitória de Obama e a expressiva lição da América

Os americanos acabam de dar ao mundo a expressiva lição do quanto vale a democracia. Foi um duro recado a todas as vocações de tiranos existentes no mundo. E para aqueles que pensaram na derrocada da América nestas eleições, aí vão as palavras iniciais do discurso do novo presidente dos Estadis Unidos:
"Se há pessoas lá fora que ainda têm dúvidas de que a América é o lugar onde as coisas são possíveis, que duvidam que os sonhos dos nossos fundadores ainda estão vivos, se ainda questionam o poder da nossa democracia, esta noite, elas tem a sua resposta". Assim Barack Obama abriu o seu discurso da vitória.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Comentários ao blog sob anonimato

Tenho recebido comentários diversos sobre matérias constantes deste blog. É necessário, entretanto, advertir que aqueles ocultos sob a capa do anonimato não serão levados em consideração. Quando devidamente assinados, terão resposta adequada os lavrados em termos civilizados. Sou grato aos que me honram com suas apreciações, tanto críticas quanto elogiosas.

domingo, 2 de novembro de 2008

A hora e a vez de Minas Gerais I

Jânio Quadros, o presidente fujão, assumiu o governo no dia 31 de janeiro de 1961. Quando raiar o sol no dia primeiro de janeiro de 2009, completar-se-ão 47 anos e 11 meses da ausência de Minas Gerais do comando do Brasil, tirante o período em que Itamar Franco governou a República com zelo, seriedade e probidade, marcas de seu comportamento na vida pública. Mesmo nesse curto espaço de tempo, os cordéis que acionam a máquina governamental estiveram em mãos paulistas ou de alguém fundamente vinculado aos interesses do grande Estado, orgulho de todos os brasileiros pela sua pujança e patriotismo. Força do determinismo sócio-político-econômico. De Juscelino até nossos dias, o poder está ali fortemente concentrado. Entenda-se poder em todos os matizes. Assumiram os paulistas o comando e a formulação do pensamento sociológico, econômico, científico e sociológico no Brasil, graças à modernidade de suas universidades e do avanço das pesquisas. Por natural efeito gravitacional, para lá foram os grandes bancos, as grandes corporações e empresas, os quadros humanos mais bem formados, tudo isto gerando inevitável conseqüência: o deslocamento e concentração do eixo do poder para São Paulo. Seu poder de articulação e influência prepara-se para tentar manter um paulista no comando da República por mais quatro ou oito anos, após o longo consulado paulista com Fernando Henrique e Lula.

A hora e a vez de Minas Gerais II

Por natural efeito gravitacional, para lá foram os grandes bancos, as grandes corporações e empresas, os quadros humanos mais bem formados, tudo isto gerando inevitável conseqüência: o deslocamento e concentração do eixo do poder para São Paulo. Seu poder de articulação e influência prepara-se para tentar manter um paulista no comando da República por mais quatro ou oito anos, após o longo consulado paulista com Fernando Henrique e Lula. No tempo em que os presidentes eram escolhidos no estamento militar, os ocupantes do Palácio do Planalto sempre buscaram nos meios paulistas os cérebros que formularam a política de desenvolvimento verificada no período de 1964 a 1984. Poderia citar vários, mas concentro a tese numa só personagem, emblemática pelo seu talento e criatividade, o ministro Delfim Neto. Esta constatação nada tem de xenófoba ou coloração separatista. É um dado simples da realidade. Durante este quatro lustros não se pode dizer que Minas não tenha tido quadros de governo e administração com condições de participar. Muitos foram chamados, mas sempre para posições secundárias de comando. Agora, as coisas estão modificadas.

A hora e a vez de Minas Gerais III

. Minas tem hoje um nome que pode, perfeitamente, liderar um novo tempo no Brasil. Falo do governador Aécio Neves, pontificando no país como uma liderança jovem, um discurso moderno e, em especial, demonstrando capacidade de articulação de novo pacto federativo, onde sejam reduzidas as brutais disparidades existentes no cenário nacional. Falando em tom ainda de cuidadoso quase sussurro, suas palavras encontram ressonância pela mensagem nelas contida e ganham natural estrépito pela perfeita justaposição à realidade política. Com um governo marcado pela seriedade e eficiência, pode o jovem governador sair pelo Brasil apresentar ao país o espelho daquilo aqui realizado, como amostra do que será capaz de fazer. É chegada a hora e a vez de Minas. Não podemos perdê-la ao preço de pequenas vaidades ou desuniões bissextas. Unidos, iremos recuperar o comando da República. É a sentença da história.

A hora e a vez de Minas Gerais IV

Este posicionamento que se quer tomem os mineiros, nada tem de açular luta fratricida e muito menos desmerecer o quanto São Paulo tem feito em favor do progresso nacional. Do ponto de vista estratégico, forçoso é reconhecer que, enquanto os paulistas estão politicamente muito divididos, além da áspera luta contra o PT que encontrou na arena paulista o terreno ideal para a batalha plebiscitária em que as eleições estão se transformando paulatinamente, os mineiros possuem apenas divergências superficiais, daquele tipo que José Maria Alkmim receitava para quem participa da atividade política, isto é, não tão próximos que não possam se afastar, nem tão distante que não possam se aproximar. Por isto é chegada a hora e a vez de Minas Gerais. Se formos capazes de entender estas verdades, com certeza reconquistaremos a presidência da República em 2010.