domingo, 23 de novembro de 2008
Chuvas, pobreza e sofrimento no verão III
Em meio a toda essa dramática cena de mortos e desabrigados amontoados, os belos exemplos de solidariedade apresentados pelos bombeiros, policiais militares e homens do povo, não conseguem elidir a irresponsabilidade dos governos encarregados de resolverem tal tipo de problema, que se repete sazonalmente. Quem vive da terra, quem moureja na dura faina da agricultura, não maldiz a água que desce dos plúvios. Ao contrário, festeja-a como se saudasse a alvorada da própria vida. Mas para esses infelizes e deserdados que fugiram do campo pela falta dela, sem passado, sem presente e sem futuro, as águas do verão transformam-se a cada ano em sofrimento, dor e morte. O estigma que os acompanha é o de serem pobres em demasia, quase miseráveis. As chuvas retornam com seu poder destruidor nas grandes cidades onde não existem soluções urbanísticas capazes de detê-lo. Nas regiões do norte, Jequitinhonha e nordeste de Minas elas são festejadas pelo grande bem que fazem à terra, até então ressequida e com sinais de fragilidade em decorrência da estiagem prolongada. A imprensa fornece apenas a visão catastrófica do desastre nas áreas periféricas das grandes cidades ou até mesmo nas menores, esquecendo-se de detalhar com expressividade os incontáveis benefícios que as chuvas trazem para a agricultura e a produção. Bendigamos-las, pois elas são um regalo da natureza, que mesmo tão maltratada não se furta a nos socorrer quando em dificuldade.
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