terça-feira, 29 de setembro de 2009

Disraeli no outono da vida

"Vivi o bastante para aprender que o crepúsculo do amor tem seu esplendor e riqueza. Talvez haja, nas pessoas idosas, maior avidez de felicidade".

In A vida de Disraeli de André Maurois

Um poema de Lêdo Ivo

A ETERNIDADE PREMEDITADA

Isto será a eternidade:
um incessante subir de escadas.

E sempre estarás no começo da escadaria
muito embora todos os dias sejam degraus.

Deus, porque fizeste a eternidade?
Porque nos obriga a subir tantas escadas?

A marcha para a insensatez I

Participando deste conluio engendrado pelo governo venezuelano para favorecer um governante golpista e desmoralizado, o Brasil ingressa perigosamente no clube dos dirigentes bolivarianos autoritários. Nunca se viu na história da diplomacia mundial um país conceder menagem, em sua embaixada em outro país, a um natural dentro de seu próprio território para fazer comícios. O Brasil meteu-se numa camisa de onze varas e coloca-se ao lado dos piores modelos de diplomatas e tiranetes travestidos de democratas. Manuel Zelaya, com seu exótico e ridículo chapéu de boiadeiro, pilhado em flagrante no momento em que pretendia golpear a Constituição de Honduras, merecendo por isto a repulsa dos hondurenhos e a condenação dos tribunais, buscou solidariedade em Cuba, com Hugo Chavez, Evo Morales e Rafael Corrêa, e em Brasília tentar e obter o apoio do presidente Lula, na permissão para que o fugitivo da Justiça de sua terra se homiziasse na embaixada brasileira, cercado de um magote de desocupados e baderneiros.

A marcha para a insensatez III

. Para se ter uma idéia da enrascada em que se envolve o governo brasileiro, ele deve decidir sobre o expresso pedido do governo de Honduras para que seja o transgressor e delinquente entregue à Justiça local ou lhe conceda a condição de asilado, impedindo que use a embaixada como palanque político. Enreda-se mais a diplomacia nos arranjos e perfilhações ideológicas, dispondo o Brasil ao escárnio das nações civilizadas pela constrangedora atitude. A inviolabilidade da sede diplomática do Brasil em Tegucigalpa é algo consolidado nas normas diplomáticas de todo o mundo, razão porque o governo local não cometeria a imprudência de invadi-la.

A marcha para a insensatez III

. Enquanto as trombetas da publicidade oficial procuram lugar onde Lula possa esconder a cara ante o olhar crítico dos chefes de governo estrangeiros, reunidos em Nova York para a Assembleia Geral da ONU e a Conferência sobre o clima, milhares de hondurenhos se solidarizam com seu governo pela atitude firme de respeitar as decisões da Justiça, oferecendo ao golpista invasor a única saída: entregar-se para julgamento dos seus atos criminosos e atentatórios à Constituição de seu país ou asilar-se. Uma vergonha a trama de Lula, Chavez e Ortega, o trio de ouro da patuscada internacional. O Brasil deve rapidamente se livrar da camisa de onze varas em que se meteu, sobretudo porque jogou fora longo e sedimentado capital de boas articulações internacionais com seus vizinhos. A não ser que deseje continuar a marcha batida para a insensatez, repetida interna e externamente em suas intervenções, marcadas pelo carimbo ideológico e não pelo legítimo interesse nacional.

A marcha para a insensatez IV

. Os resultados para o Brasil desta irresponsável aventura, de ver rompida sua tradicional política internacional de não ingerência, de colocar-se no epicentro de um furacão político com o qual nada tinha a ver, de prestar reverência a Hugo Chavez e à sua desastrada política bolivariana que induz ao autoritarismo e à corrupção, não poderiam ser mais desastrosos. Ficamos mal situados no plano internacional ao agredir regras fundamentais da diplomacia, permitindo que o bufão hondurenho Zelaya transformasse nossa embaixada em Tegucigalpa em palanque para realizar comícios. E agora José, perguntou o poeta, a festa acabou, o povo não aplaudiu, a massa vaiou, a bomba estourou, o mundo debochou e o festeiro e viandante presidente dançou na exibição grotesca de sua megalomania. O “cara”, epíteto jocoso com que o brindou Obama, consolidou-se de vez para o mundo: é um cara de pau pelo desamor à verdade.

domingo, 20 de setembro de 2009

Os militares e o Evangelho de São Mateus IV

Qual a razão desta perseguição constante contra os militares, deste interminável espezinhamento, a ponto de negar-lhes recursos orçamentários para manutenção? A resposta está no grande número dos derrotados de 64 no comando do atual governo. Diz São Mateus (23, 12) que os “humilhados serão exaltados”. E Mt (23,24) aplica a vergasta nos fariseus que “filtram um mosquito e engolem um camelo”. O tempo carrega a verdade pela mão. Os frustrados pelo fracasso da guerra revolucionária desbaratada pelos militares em 1964, reagem hidrófobos a quaisquer tentativas, seja por que método for, de restabelecer a verdade histórica, tão deliberadamente distorcida e fraudada. Na guerra travada contra os guerrilheiros comunistas, hoje adotando sutil tática de mansamente ir dominando as mentes nas escolas e universidades, os militares encontraram pela frente não apenas idealistas, mas homens de armas na mão prontos para o que desse e viesse na busca de seus objetivos de dominação. Houve perdas de ambos os lados. Não se pode negar aos militares de ontem como os de hoje o profundo sentimento de honra e de brasilidade que os domina. Eis a diferença.

Os militares e o Evangelho de São Mateus I

A notícia de que os comandantes militares foram excluídos do palanque oficial no desfile do dia 7 de setembro por determinação do cerimonial da presidência da República, com ridículo propósito de impedir fotos do alegre chefe do governo brasileiro ao lado de oficiais fardados, levou-me a rever a cena para confirmar a estranha notícia. Não é de hoje que os militares vêm sendo vítimas de infamante campanha de desmoralização, urdida por esquerdistas revolucionários, até hoje ressentidos com a ação das Forças Armadas que impediu tomassem o poder no Brasil, evitando a cubanização ou stalinização do país. Para dar sustentação a esta constante mentira de certos setores da imprensa, por eles controlados, buscam argumentos nas inevitáveis violências praticadas por alguns militares mais afoitos em pleno curso da guerra que travaram contra sequestradores, terroristas e guerrilheiros aliciados entre a juventude por asseclas do PCB, assassinos brutais que matavam por ideologia, a mais cruel forma de se livrar do semelhante contrário à ideologia do matador.

Os militares e o Ev angelho de São Mateus II

Os próprios militares realizaram investigações para punir eventuais deslizes de conduta de seus soldados, sem, contudo até hoje, merecerem o reconhecimento por parte destes detratores inconformados com sua derrota. Muito mais grave do que a prática do ato descortês por parte dos donos do poder, foi a notícia de que as Forças Armadas, totalmente desarmadas, especialmente o Exército, viram-se obrigadas por falta de recursos a reduzir seu expediente de trabalho, diminuir a convocação de recrutas e colocar de lado práticas de treinamento responsáveis pela disciplina e rigor militar.

Os militares e o Evangelho de São Mateus III

. Cercado na América de governantes esquerdistas de nítida vocação autoritária, o Brasil assiste impassível aos desdobramentos da corrida armamentista de seus vizinhos aloprados, oferecendo como resposta a apalermada compra de 36 aviões de combate franceses, alguns helicópteros e quatro submarinos, que somente serão entregues daqui a uma dezena de anos. Uma falácia com odor de negociata. A força terrestre, dissuasória e capaz de ocupar e manter áreas ocupadas, esta está sem recursos para prover a alimentação e o soldo de seus soldados, sem armas e fardamento. Quando acontecem tragédias semelhantes às de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, para vigiar as fronteiras hoje entregues ao controle de ONGs estrangeiras e índios não aculturados, convocam prontamente os bravos soldados do Exército, da FAB e da Marinha para ajudar a população, ocupando os espaços deixados vazios pelo governo irresponsável e inconseqüente. A cada pesquisa qualitativa dos institutos de pesquisa, as Forças Armadas aparecem sempre e invariavelmente na liderança das instituições que gozam de maior prestígio e respeitabilidade perante a população.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

O submarino francês nas águas do Jequitinhonha I

Não resisti. Volto ao velho tema, depois de ouvir pela televisão a fala roufenha do presidente, carregada da mais deslavada demagogia e mistificação, para incutir no povo a falsa ideia de salvação através de projeto, do qual sequer tem o mínimo conhecimento. Em matéria de desrespeito à população jamais vi ou ouvi coisa igual. O governo colocou em ação a poderosa máquina de propaganda oficial para empulhar a opinião pública, com frases e slogans preparados para dar a impressão de que o país estárá salvo. Para completar esta tragédia que se abate sobre o Brasil e que, desgraçadamente, pode não ter solução próxima, lança programa de reaparelhamento militar ao custo de 41 bilhões de reais, comprando submarinos, aviões e armas sofisticadas para combater inimigos imaginários e defender da cobiça internacional reservas de petróleo ocultas no fundo do mar e a região amazônica. Inimigos imaginários, sem rosto visível. E o acanhado soldo dos militares encarregados da defesa da pátria? O Brasil conhece sobejamente seus verdadeiros inimigos, os internos, representados pelo aparelhamento do Estado por partidos políticos e sindicatos, a corrupção em escala amazônica sugando os recursos arrecadados pela maior carga tributária do mundo. Estes conhecidos adversários do Brasil não são combatidos com aviões de caça ou submarinos. O combate contra eles deverá ser travado nas ruas, nos tribunais, na imprensa e, sobretudo, nas urnas de 2010, instrumento capaz de varrer da atividade política este magote de gatunos e dilapidadores de recursos públicos.

O submarino francês nas águas do Jequitinhonha I

Não resisti. Volto ao velho tema, depois de ouvir pela televisão a fala roufenha do presidente, carregada da mais deslavada demagogia e mistificação, para incutir no povo a falsa ideia de salvação através de projeto, do qual sequer tem o mínimo conhecimento. Em matéria de desrespeito à população jamais vi ou ouvi coisa igual. O governo colocou em ação a poderosa máquina de propaganda oficial para empulhar a opinião pública, com frases e slogans preparados para dar a impressão de que o país estárá salvo. Para completar esta tragédia que se abate sobre o Brasil e que, desgraçadamente, pode não ter solução próxima, lança programa de reaparelhamento militar ao custo de 41 bilhões de reais, comprando submarinos, aviões e armas sofisticadas para combater inimigos imaginários e defender da cobiça internacional reservas de petróleo ocultas no fundo do mar e a região amazônica. Inimigos imaginários, sem rosto visível. E o acanhado soldo dos militares encarregados da defesa da pátria? O Brasil conhece sobejamente seus verdadeiros inimigos, os internos, representados pelo aparelhamento do Estado por partidos políticos e sindicatos, a corrupção em escala amazônica sugando os recursos arrecadados pela maior carga tributária do mundo. Estes conhecidos adversários do Brasil não são combatidos com aviões de caça ou submarinos. O combate contra eles deverá ser travado nas ruas, nos tribunais, na imprensa e, sobretudo, nas urnas de 2010, instrumento capaz de varrer da atividade política este magote de gatunos e dilapidadores de recursos públicos.

O submarino francês nas águas do Jequitinhonha II

. A arrogância dos atuais detentores do poder no Brasil ultrapassa os limites do tolerável. Para se manterem no comando destas estruturas apodrecidas, valem-se de toda sorte de artimanhas e falcatruas, abusando das falsidades e mentiras para repetir os mestres especialistas nos métodos de dominação pela propaganda, dos quais são fidelíssimos seguidores, agora com a sofisticação dos mais modernos métodos de comunicação que a tecnologia lhes colocou nas mãos. O Brasil está em marcha batida para a completa insensatez. Dia 12 de setembro completaram-se 107 anos em que nasceu Juscelino Kubitschek na cidade de Diamantina, cidade festiva e musical que impregnou sua alma de alegria e convicções democráticas. Cultuado na memória do povo pela realização de governo dinâmico e empreendedor, nunca se valeu deste palavrório demagógico e descosturado da realidade que tem marcado as intervenções diárias e cansativas do presidente Lula, que, em sua imaginação megalomaníaca, às vezes se entrega a devaneios no impossível cotejo com JK.

O submarino francês nas águas do Jequitinhonha III

. Revoltado com tamanha pletora dos gastos em relação à pobreza da região do Vale do Jequitinhonha, o médico e sociólogo Domício Beltrão, andarilho por aquelas brenhas em pesquisas para sua tese de mestrado, ironicamente, sugeriu aos vereadores do Vale um passeio no rio Jequitinhonha a bordo do submarino francês, mergulhado em suas águas e areias brancas de ontem, hoje poluídas. Sua ironia soa como protesto contra a miséria ali imperante. A reação do médico Domício Beltrão reflete o estado de alma das populações da região do “rio das areias brancas”, que ele conhece profundamente por sua longa e atenta permanência na área. O que de mais grave existe nesta precipitação de nítido cunho eleitoral, em concentrar em torno de projeto faraônico de exploração das camadas profundas do Atlântico 40 bilhões de reais, é a justificativa de que o Brasil está à véspera de sua segunda independência. Frase típica de mitômano boquirroto, sustentado por custosa publicidade, paga com o dinheiro do contribuinte. Percorram as vielas das pobres cidades do setentrião e nordeste mineiro, caminhem pela ressequida zona rural, passem pelas portas dos desaparelhados hospitais e clínicas e compreenderão o porquê da revolta refletida na ironia do médico.