sexta-feira, 2 de maio de 2008
Stédile para presidente IV
O poder não tolera a vacuidade. As revoluções, ao longo da história, acabaram com muitas tiranias, em todas as latitudes e longitudes. Shakespeare, na tragédia Júlio César, lembra o povo amotinado no momento em que o punhal de Brutus feria de morte o coração de César, rodeando o assassino para exclamar frenético diante do cadáver do tirano romano: “Seja Brutus o nosso Rei”. É que os povos deseducados para a liberdade não conseguem ficam sem um senhor. Logo, procuram outro. Este o perigo que ronda a democracia brasileira. Se no Brasil a existência de um regime democrático, mesmo aquela “plantinha tenra” de que falava Otávio Mangabeira, pode inibir vocações revolucionárias para as tiranias, nunca serão demais as cautelas para impedir que movimentos descontrolados de massa busquem preencher o vazio de poder e de autoridade, à mostra diante da avalanche de desafios lançados à sua face pelos baderneiros do MST. A arte imita a vida. O gênio do dramaturgo inglês retirou da tragédia romana a lição imperecível de que democracia e liberdade são a consciência da lei. De nada valem as juras de fidelidade ao regime se permitirem sua violação a cada dia pela violência, estorvando seu pleno exercício, deixando vagos os espaços para floração dos ditadores
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Um comentário:
Caro Dr. Murilo,
- Estou plenamente de acordo com sua observação sobre o vácuo do poder. Nesse diapasão, sugiro a leitura de Vitório de Campos, no site agrodireito.com.br, mormente nos artigos: "a gloria de César e a espada de Brutus", bem como nos diversos comentários sobre o MST, como "Revolução às Avessas" e "Reforma Agrária é apenas uma palavra de ordem".
No mais, aceite os meus parabéns.
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