XII - QUINZE DE NOVEMBRO
A História, a pura deusa, ao trêmulo imperante
Um dia falará: - Abaixa o teu semblante,
Abaixa os olhos teus, que a negra cobardia
Não pode olhar o sol, não pode olhar o dia,
E tu foste cobarde e ao povo tu mentiste
Na tua mocidade, ó rei sombrio e triste.
Um projeto nfernal nos teus mais verdes anos
Animou do teu peito os lúgrubes arcanos:
Quiseste transformar este país de bravos
Num aprisco venal de tímidos escravos!
E por onde passasse a luz da inteligência,
E por onde se ouvisse a voz da consciência,
Sacudias o véu da régia escuridão,
Abrindo o lupanar da baixa corrupção.
Comentário: os grandes poetas são seres iluminados e capazes de auscultar e prever o futuro. Este longo poema de Alphonsus de Guimaraens, de onde destaquei essa estrofe, é a certeza desta capacidade de premunir. Está o texto integral na página 487 das Obras Completas - Ed. Aguilar
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
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