segunda-feira, 6 de abril de 2009
Os reacionários e a conspiração do silêncio I
No dia 1º de novembro de 1861, Machado de Assis publicou uma crônica dizendo, ao seu estilo irônico e satírico, que “em nosso país a vulgaridade é um título, a mediocridade um brasão”. Se essas palavras fossem pronunciadas nos dias de hoje a respeito do atual ministério, além de darem muxoxos de olímpico desprezo pelo autor, iriam além: colariam nele o epíteto de reacionário ou senão de coisa pior. E ditas há quase dois séculos, exibem-se como robusta verdade. Este é um vício que domina a cena jornalística, política e até mesmo intelectual no Brasil. Se naquela época houvesse o mal que agora assola o país, o bruxo do Cosme Velho seria desprezado como um reacionário e suas crônicas e romances deixariam de ser publicados e sobre eles nada se comentaria. Quando você se defronta com alguém que não está de acordo com seus argumentos, por mais sólidos sejam, recebe prontamente a alcunha de reacionário, maneira simplista de colocar o adversário fora de combate a partir do instante em que, se é reacionário, não tem mais conversas. Vou dar-lhe o tratamento que merece, isto é, colocá-lo na geladeira e submetê-lo ao suplício medieval de uma máscara de ferro, articulando contra ele a conspiração do silêncio, a mais estulta ação que os radicais de direita ou de esquerda projetam sobre seus antagonistas
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