quarta-feira, 28 de novembro de 2007

o delegado aloprado

Personalidades com visíveis sinais de perturbação, que a imprensa já apelidou de "aloprados", ganham novamente as manchetes, tal e qual o delegado da cidade paraense de Abaetepeba, onde sua excelência permitiu que uma menor de 15 anos permanecesse detida numa cela com 20 homens. Justificou sua irresponsabilidade taxando a menor de desequilibrada mental. E a governadora do glorioso Estado, indagada se iria exonerá-lo, disse apenas que ainda vai conversar com ele. Assim têm se comportado, infelizmente, algumas figuras governamentais do PT. Nada sabiam e quando tomam conhecimento das mazelas que criaram ou abasteceram com sua incompetência, colocam a culpa nos adversários. O Brasil não merecia esta cusparada em seu rosto.

o roto e o esfarrapado

Somente na propaganda governamental é possível comemorar a inclusão do Brasil no 70 lugar, na relação dos países de IDH dentro das taxas de países desenvolvidos. Ficamos no último posto, em situação que nem de longe está ajustada à realidade. Basta andar pelas periferias das grandes cidades, passear pelo interior do nordeste e, quem não desejar ir tão longe, dê uma volta pelo Jequitinhonha ou norte de Minas. Vai identificar situações de extrema pobreza e ausência do governo para solução dos problemas fundamentais, especialmente o da educação. O relatório da ONU, por extrema generosidade, tirou-nos da relação dos rotos e nos colocou na lista dos esfarrapados. E o governo solta foguetes.

domingo, 25 de novembro de 2007

O artigo da semana

BARBARISMO
* Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
Não há adjetivação suficientemente forte e expressiva para qualificar os acontecimentos verificados no Estado do Pará, quando uma menina de apenas 15 anos, colocada presa numa cela de homens, foi vítima de inomináveis violências, muitas das quais se submeteu em permuta por um prato de comida malcheirosa e poluída. A trêfega governadora do Pará tentou justificar esta prática inqualificável com as desculpas formais de sempre, com o que nada explicou e acabou por devassar as entranhas do Brasil aos olhos do mundo como uma nação de bárbaros. Todos sabem do precário estado das prisões no país, do excesso de aprisionados, do mau tratamento que lhes é infligido, da prestação alimentar deficiente, quando não estragada. Mas jamais poderiam, pelo menos aqui no sul maravilha, adivinhar a existência de prisão masculina que também abriga mulheres, submetendo-as a toda sorte de sevícias e estupros. O mais grave em tudo isto foi a serenidade e a calma com que a governadora do Pará assinalou existirem outras prisões masculinas em seu Estado que também acolhem detentas. Transformaram-se em lupanares oficiais sob a custódia do poder público, pasmem todos. O descrito pela infante das sevícias sofridas durante o tempo em permaneceu presa na cela com 20 detentos, com conhecimento da Justiça e do Ministério Público, sob o silêncio cúmplice da Secretaria de Segurança, é um quadro de horrores que expõe o rosto do Brasil desfigurado ao resto do mundo e o sinal da falência do poder público naquela província do norte. O mais constrangedor em tudo isto é que o fato acontece coincidindo com a publicação do relatório da ONU de que há “tortura sistemática no Brasil”. Ao fazer tal revelação, o representante das Nações Unidas que visitou recentemente o Brasil observou pessoalmente a situação de várias prisões brasileiras, onde, em sua grande maioria, ocorre tortura sistemática, seja pela forma de espancamentos ou, em sua maior parte, pela negação de alimentação e condições de saúde com um mínimo de dignidade. Quando acontecem as rebeliões que, de resto, terminam sempre em incêndios, depredações e assassinatos, além de prejuízos materiais, a opinião pública tem uma fotografia sem retoques do estado de insolvência do sistema carcerário brasileiro. Mas o caso ocorrido na cadeia pública da cidade paraense ultrapassa todos os limites. Quando se flagram situações de corrupção permitindo a fuga de delinqüentes perigosos, quando são exibidas cenas de licenciosidade dentro de presídios durante visitas reservadas, quando fazem concessões irregulares a prisioneiros especiais, não faltam espíritos pouco atilados a justificar tais denúncias como exageros de imprensa. Em verdade, este é o estado de caos imperante no sistema presidiário brasileiro. Agora já apareceram pessoas a enxergar nas denúncias uma marcação contra uma governadora do PT, que até agora não se esmerou o suficiente para merecer os aplausos de seus conterrâneos, segundo se depreende do noticiário geral da imprensa nacional. Mas as explicações oferecidas pelo seu governo sobre a barbárie, a nota oficial de afirmações cediças de que não compactua com violação dos direitos humanos, quando ela mesma confessa a existência de generalizada violação nas prisões do Estado que governa, põem a nu tão somente a desatenção governamental para este aspecto fundamental dos direitos humanos, que é o tratamento desumanitário àqueles que já sofrem pela privação da liberdade. Se esta notícia fosse retirada dos jornais ao tempo da Grande Guerra de 39 a 45, era perfeitamente possível imaginar que o episódio da tortura contra a menor houvesse sido praticada pela Gestapo, numa cadeia da Alemanha hitlerista. Nada diferente do sucedido em pleno coração de um país democrático, em regime constitucional e com os direitos garantidos pela Constituição. Quando li esta notícia fiquei pensando nos palavrões que o presidente Lula deve ter proferido, quando ficou sabendo do episódio acontecido num Estado governado por correligionária sua, ao demolir num piscar de olhos todo o trabalho que ele vem fazendo para oferecer ao mundo civilizado uma imagem favorável do Brasil.

sábado, 24 de novembro de 2007

Hímem complacente

Os mineiros precisam encarar estes episódios envolvendo alguns de seus homens públicos, como resultado de anos seguidos de tolerância com abusos repetidos pratiados contra os bons costumes políticos. É a teoria do himem complacente, que perdurou durante anos e ainda está em pleno vigor na política brasileira. Pela primeira vez, no episódio do tristemente famoso "mensalão", a Justiça resolveu agir com maior rigor, sob aplausos unânimes da opinião pública. É necessário que este rigor no cumprimento das leis não seja abrandado, simplesmente porque os inocentes e os puros nada têm a temer. É a única maneira de provarem sua inocência. O que não é mais possível é pretender alegar suposta virgindade com o hímem complacente.

Isto é uma vergonha!

Nunca neste país se viu coisa igual: colocar uma presa numa cela com outros detentos. E o pior: a governadora do Pará disse com a cara mais limpa deste mundo que tal acontece em quase todas as prisões do seu Estado. Em matéria de decadência moral e política, a governadora e seu Estado acabam de ganhar o campeonato. Lamentavelmente, o que ela disse a respeito da gloriosa província paraense deve ser norma geral nas prisões do país. Resultado: a imagem do Brasil está despedaçada perante o mundo. Como gostava de dizer o cronista de telev isão Boris Casoy, com sua ênfase especial, "isto é uma vergonha"!

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Exibição de gala

Ainda a propósito da festa do Lions, na qual fui agraciado com a medalha JK pela Academia Mineira de Leonismo, em noite inesquecível, deixei de comentar duas apresentaçoes de gala do coral do SESI-MINAS e do Ballet SESI-MINAS. O coral mostrou-se de uma magnífica sonoridade e afinaçao, enquanto que o ballet, com o famoso bailado "Dom Quixote", causou emoções à platéia, especialmente pelo alto nivel das exibições das duas solistas e respectivos "partners". São episódios que ficam incorporados à nossa vida pela beleza das palavras ouvidas, pelos aplausos recebidos e pelas emoções desencadeadas. Alguma coisa para ficar esculpida em ouro "ad aeternum". Foi tudo muito bonito e emocionante

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

chega de vereadores

Está em andamento no Congresso um movimento para aumentar o número de vereadores nas câmaras municipais. Uma verdadeira inutilidade. O que é necessário é ajustar os recursos destinados às edilidades, que se mantiveram imutáveis mesmo depois da decisão de reduzir o número de vereadores. Há outras coisas mais importantes a serem cuidadas.

Espetáculo inesquecível

Foi comemorado ontem o Dia Mundial do Serviço Leonístico, em solenidade no auditório Nansen Araújo do SESI. Tive a honra de receber a "Comenda JK-cultura, desenvolvimento e Civismo, outorgada pela Academia Mineira de Leonismo. Ouvi três esplêndidos discursos: o de Adalberto Soares Alves, governador do distrito LC-4, o deste admirável César Vanucci e um verdadeiro poema de Carminha Ximenes, a mim dirigido. Recebi com humildade o troféu, mas certo de que durante toda minha vida pública me comportei como autêntico leonino (nasci neste signo) na luta em favor dos despossuídos do Vale do Jequitinhonha, a quem sempre me dediquei. Foi uma noite inesquecível pela beleza do espetáculo propiciado pelo coral do SESI-MINAS e do corpo de baile da mesma instituição. Após todas estas emoções, a alegria de reencontrar e rever dezenas de velhos conhecidos e amigos que fazem parte desta família leonística. Uma noite verdadeiramente ateniense. Consigno a todos eles um "Deus lhes pague".

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Guimarães Rosa

Há 40 anos morria Guimarães Rosa, o mineiro de Cordisburgo. Deixou obra imortal, com feições revolucionárias. Daí seu prestígio em todo o mundo.

domingo, 18 de novembro de 2007

0AB - 77 anos

Não podemos derixar passar sem um registro o 70º aniversário de criação da Ordem dos Advogados do Brasil por Decreto de Getúlio Vargas em 18 de novembro de 1930. Além de cumprimentar seus dirigentes, fazemos votos para que enrijeçam ainda mais o exame da OAB para aqueles que estejam buscando receber a carteira da entidade.

Amazônia em perigo

Pela primeira vez, assustei-me com as declarações do Secretário Geral da ONU sobre a Amazonia, discorrendo abertamente sobre os perigos que ameaçam a área com o aquecimento da terra. São impressionantes as declarações do estadista coreano

solução inteligente

No Estado de São Paulo, em lugar de estimular ou provocar disputa racial, um senhor de cor, chamado José Vicente, fundou uma Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares. Abriga 1400 jovens, dos quais 1120 são negros autodeclarados. Só existe discriminação no Brasil por motivo de cor por parte de pessoas de formação ditatorial ou econômica. No mais, o Brasil é assim, como nesta universidade, convivendo fraternalmente brancos, pretos, mulatos ou amarelos.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

estudantes de hoje

Na Venezuela, estudantes vão às rua pela democracia. No Brasil, na Bahia, estudantes invadem a reitoria da Universidade Federal.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Greve na França

A esmagadora maioria da opinião pública francesa está ao lado do presidente Sarkozy, contra a greve. É o encontro do novo e moderno estadista com o destino. Se ele errar na decisão, de ficar com a França ou com os sindicatos esquerdistas, sua luminosa carreira poderá apagar-se para sempre. Por sorte, ele tem o modelo de agir de De Gaulle em situação semelhante.

A força da beleza

O consagrado Ivo Pitanguy recomendou moderação na prática de cirurgias plásticas. Tecnicamente perfeito o conselho do notável cirurgião. Mas a pressa pela beleza restaurada não vai levar em conta a prudência do acadêmico e autor dos mais belos rostos do Brasil.

Cadeia para sempre

Aquela moça que, com o namorado e o irmão, assassinou barbaramente seus pais, condenada a 39 anos de reclusão, recorreu ao Supremo Tribunal Federal para sair da cadeia. Felizmente, o STF negou o pedido. Ao contrário, seria como cuspir na cara da sociedade.

Dinheiro jogado fora

O governo federal anuncia uma pesquisa para saber o que os brasileiros pensam sobre a ética. O custo do questionário monta a 150mil reais. Dinheiro jogado fora para tentar demonstrar à população que o governo está preocupado com a ética. Porque não usar este dinheiro para mostrar ao povo que a moral é uma convenção privada, mas a decência é um assunto público.

Acareação útil e necessária

Será útil a acareação entre o corregedor doTribunal de Contas do Estado e o procurador de justiça que denunciou irregularidades naquela instituição. Colocados frente a frente, ambos poderão encontrar a verdade. O episódio servirá também de modelo para quem se sentir injustiçado com o excesso de denúncias vazias de promotores espalhados pelo Estado

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Extorsão consentida

Eis o porquê dos imensos e fantásticos lucros dos bancos: uma prestação de consórcio de carro no Bradesco, no valor de 1.123,26, pagou de juros de mora por UM DIA R$22,83, o equivalente a juros de 2,03% ao dia ou 60,9% ao mês. Enquanto isto, vamos nos distraindo com Hugo Chavez, com poços de petróleo de ficção e o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha pegando fogo em decorrência da seca.

Errata

O nome parlamentasr da senadora peloEstado de Tocantins é Katia Abreu.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Parecer brilhante e verdadeiro

O parecer da senadora Katia Viana, do Estado de Tocantins, desnudou as contas do governo, demonstrando por "a" mais "b" que a cobrança da CPMF é uma demasia. Brilhante e irrespondível. Interessante foi a declaração do simpático prefeito Fernando Pimentel de que sem a CPMF a saúde vai virar um caos. É impossível atingir desarrumação maior da existente. Para quem duvidar, basta dar uma volta pelos hospitais e casas de saúde da cidade e ver a fotografia do caos representado pelos milhares de usuários do SUS a colocar sua paciência em exercício.

Vereadores - para que mais?

Quando o STF determinou a redução do número de vereadores, deixou intactos os recursos orçamentários destinados à composição modificada. Foi o que se viu pelo Brasil, inclusive comitivas de edis viajando pelo mundo, em vilegiatura paga com dinheiro público, além de outras coisas mais graves. Alguns deputados querem agora aumentar em 8 mil o número de vereadores no Brasil. Somente um Congresso desassisado poderá incorrer em erro tão grave. É consagrar a inutilidade e remunerá-la com o dinheiro do contribuinte.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

A TV do governo

Por mais explicações apareçam para justificar a criação de uma TV para o governo, que já tem uma pela Radiobrás, não é razoável colocar nas costas do contribuinte despesas tão vultosas. Porque não eliminar as verbas de publicidade, usadas apenas para exaltar o governo, destinando-as à TV governamental. Como tudo que é estatal, permanece o receio de cerceamento da liberdade de imprensa, segundo Rui Barbosa "a mais necessária e a mais conspícua" ou da consolidação de novo núcleo de peleguismo. Vade retro!

domingo, 11 de novembro de 2007

artigo da semana

INSTITUIÇÕES EM CRISE
*Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
Há em todos nós sincero desejo de que tudo corra bem para o país e o seu povo. Quando as manifestações oposicionistas tornam-se mais acesas, pela discordância com rumos e caminhos que governantes desprevenidos conduzem a nação, no íntimo de cada um permanece intacto o desejo de que as coisas caminhem para o leito da normalidade. Enfim, dos desastres ninguém escapará. Por mais estejamos jogando neste time de torcedores do Brasil, somos obrigados a admitir ser bastante séria e preocupante a crise que assola as instituições, tanto as públicas quanto as privadas. O episódio que envolveu uma família em Brasília, quando dois irmãos se conluiaram para assassinar o irmão caçula, com a disformidade moral de serem amantes, revela claramente a decadência da instituição familiar entre nós. Poder-se-á alegar que é um caso isolado, quando, em verdade, a perda de estrutura da confraria doméstica pode ser comprovada pela repetição de casos assemelhados, como, por exemplo, a prisão de vários rapazes e moças pertencentes à denominada classe média, todos envolvidos com o tráfico de drogas e entorpecentes. Será que seus pais não notaram anormalidade no fato dos filhos permanecerem todo o dia ligados ao telefone ou ao computador, sem qualquer trabalho que assegurasse a eles o padrão de vida que ostentavam? É que também eles perderam a noção do sentido e do significado da família, vivendo uma gravíssima crise existencial, que começa com o abandono da crença em Deus e nos valores da religião, seja ela qual for. Mães abandonam filhos que nascem, premidas pelo fantasma da fome e da pobreza, eis alguns sintomas deste mal que assola a instituição familiar, básica em qualquer sociedade, viva ela sob que regime for. Outra entidade em crise é a escola, padecendo das dificuldades decorrentes da falta de recursos, de salários justos para professores e de mestres capacitados para o exercício da nobre e espinhosa missão de ensinar. Os erros na área educacional começam no ensino fundamental, também na escola pública não muito diferentes da escola privada, todas chafurdadas na vastíssima extensão do pântano moral que cobre todo o corpo social. Pessimista? Não, uma visão realista do quadro dantesco que vive o Brasil, enquanto bancos e instituições financeiras atiram no rosto da população, pobre e remediada, os números de seus lucros fantásticos. No meio de tudo isto, a pasmaceira da sociedade, incapaz de se irresignar e reagir contra tal estado de coisas. Os partidos políticos, instituições basilares do regime democrático, transformaram-se em balcões de negócios, sem doutrina ou programa, cada dias mais sensíveis aos acenos fisiológicos do governo, inclusive aqueles designados pelo povo nas eleições para oferecerem oposição aos governantes do dia. Outro tema delicado para fazer sua abordagem sem praticar injustiças ou excessos: a igreja, igualmente, padece de preocupante desajuste, a partir do instante em que jogou por terra sua autoridade ao imiscuir-se na política. Todas elas, de todas as crenças e de todos os deuses, cujos ouvidos tornaram-se sensíveis apenas ao tilintar de moedas em desfavor das orações e dos sentimentos mais nobres. Quando as igrejas permitiram fossem seus púlpitos transformados em palanques de comícios, foram abandonadas pelos fiéis que nelas buscavam tão somente paz e refrigério para seus corações. Restam no Brasil as instituições militares, as únicas que ainda se mostram resistentes à avassaladora decadência moral do país, reconhecidas pela opinião pública, em recente pesquisa, como as únicas merecedoras da confiança total do povo brasileiro. Lamentavelmente, as Forças Armadas estão pagando pesado tributo à desorganização administrativa. O retrato da situação do Exército, por exemplo, com seu equipamento totalmente obsoleto, em condição de verdadeira sucata, sem fardamento, sem armas e munição, aponta-o como incapaz de manter-se como força dissuasória em momentos delicados, que esperamos não surjam. Pela mesma forma, as outras forças da Marinha e da Aeronáutica. Com todas suas instituições fundamentais em crise, fica difícil para o Brasil superar os óbices que se opõem ao seu completo desenvolvimento. Praza aos céus, possamos debelá-los.

retrato sem retoque

Com a realização do ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) o Brasil terá hoje o retrato sem retoques do ensino superior no Brasil. Vamos aguardar o resultado para tirar conclusões

estudantes de hoje

Os da Venezuela fazem protestos nas ruas contra a falta de liberdade. Em São Paulo, invadem e depredam reitorias.

Desperdício de água

O mundo inteiro reclama da finitude das águas. Todavia, gastam-nas em abundânca, em jatos, para reprimir protestos nas ruas. Para não jogarmos fora tanta água, porque não propor aos governos andarem nos trilhos?

Chargista genial

As charges assinadas por IQUE no JB, às vezes valem mais que editoriais.

sábado, 10 de novembro de 2007

discurso exato

Por razões protocolares, quase sempre estou presente em solenidades oficiais, das quais participa o governador Aécio Neves. Normalmente, ele discursa e o faz com precisão vernacular e retórica. O discurso que pronunciou na Fundação Dom Cabral, durante a entrega do Prêmio José Costa, deu-me a forte impressão de compromisso de candidato à presidência, tal seu denso conteúdo político e programático. Achei-o na medida exata para seduzir o Brasil, hoje cansado do estatismo inútil e perdulário, de aparelhamento partidário, de falta de rumos. Minas inteira pode subscrevê-lo.

Chavez e o Mercosul

Se as regras do Mercosul impõem aos participantes a prática do regime democrático, como o Brasil votar favoravelmente à entrada da Venezuela no consórcio? A não ser que entendamos por democracia algo diferente ao que está acontecendo no país vizinho do norte.

Uma previsão sinistra

"O futuro do Brasil tem a cara que as escolas têm no presente". A frase é do senador Cristovam Buarque, apaixonado pelo tema educação

cientistas políticos

Com grande foguetório, o governo anuncia que poderá exportar petróleo. No futuro. Quanto aos cientistas políticos, já os podemos exportar, desde já. Temos em quantidade.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

A descoberta do petróleo e Abgar Renault

O mestre Abgar Renault, no seu livro Reflexões efêmeras, diz que "o Brasil será um grande país no dia em que os brasileiros descobrirem que não são ricos, nem inteligentes, nem cultos". O anúncio da descoberta de uma província petrolífera além da plataforma atlântica, já identificada há dois anos e que somente poderá entrar em produção a partir do ano 2012, demonstra a certeza da afirmação do mestre Abgar. Pretendendo iludir o povo e o mundo, o Brasil será o único país a exportar petróleo com manchete de jornal, no mesmo instante em que o Ministro de Minas e Energia recomenda aos taxistas e proprietários de veículos não promoverem mais a adoção do gás como combustível. É possível que nos tornemos ricos quando o ouro negro que está a 6.740 metros de profundidade for alcançado. Cultos, talvez demore um pouco mais, se a educação no Brasil continuar no ritmo atual. Quanto a inteligentes, estou em desacordo com Abgar. Somos muito inteligentes, conquanto tenhamos fases de total obscurecimento, especialmente nas eleições.

Ritual acadêmico - Comunicação a Dom Walmor

Os membros da Academia Mineira de Letras cumpriram ontem à noite o protocolo acadêmico, comunicando oficialmente a Dom Walmor Oliveira de Azevedo sua eleição para a cadeira de nº 11, antes ocupada por Dom João de Resende Costa. Eleito por unanimidade, decorrência de sua presença cada dia mais influente em Belo Horizonte pelo seu texto escorreito e sua palavra eloqüente e persuasiva, Dom Walmor recebeu os acadêmicos no Palácio Arquiepiscopal Cristo Rei e, depois de agradecer as palavras que lhe dirigi, conduziu-nos à capela do Palácio para uma oração de ação de graças ante o Santíssimo exposto. A eleição de Dom Walmor, uma solução natural para a vaga de Dom João, envolve mensagem bem clara aos mineiros, numa hora em que a Igreja está sofrendo tenaz e insidiosa campanha, de renovar a confiança em sua fé católica, além dos títulos intelectuais que colocam o arcebispo de Belo Horizonte como dos mais altos valores da hierarquia da Igreja no Brasil. Sua posse ocorrerá no ano de 2008, logo após o carnaval.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Lição de Augusto Meyer a jovens escritores

Na recente publicação da José Olímpio, sob os auspícios da Academia Brasileira de Letras, Augusto Meyer em seus ensaios escolhidos cita Charles Bailly: "Na verdade, a pessoa mais culta conhece quando muito uma terça parte das palavras catalogadas no dicionário, e longe estão os dicionários de um registro completo dos vocábulos de uma língua" para extrair um conselho a jovens e velhos escritores. Diz ele (pag. 19): "Sabendo de antemão que lá pelos fins da vida não chegará a conhecer senão uma quarta parte (Bailly é otimista) dos tesouros da língua, nem por isso você conquistou o direito de bocejar sobre os dicionários. Trate de capinar estas glebas enquanto há fôlego, ao menos para saber o sim e o não das palavras, o como, o quando, o onde". O ensaio sob o título Epístola a Porfírio é de notável lucidez. A Augusto Meyer, jovens e não jovens escritores.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

tragédia familiar

A tragédia que destroçou uma família em Brasília parece conto de ficção. Um irmão e a irmã, amantes, conluiam-se para assassinar o irmão mais novo. Montam a cena do crime com requintes de verdadeiros profissionais. Simulam um sequestro para extorquir. Acabam cometendo o delito e enterram a vítima em local descoberto pela polícia. Com as palavra os educadores, pedagogos, psicólogos, enfim, quantos tentam entender a alma humana e interpretá-la. Para quem é leigo nestas matérias e apenas fundado na experiência de vida é permitido dar um palpite sobre as eventuais causas desta tragédia: destruição dos valores da família pelas drogas e o sexo livre, crise nas escolas por ministrarem uma educação falha e desprovida de conceitos axiológicos. Perda da noção de dignidade e afastamento de Deus. Pobre família, estigmatizada para sempre pela morte e o crime. Pobre sociedade brasiliense, para quem Dom Bosco previu uma terra de mel e paz. Que Deus tome conta dela e a proteja.

aviso aos imprudentes

Assistindo a esta campanha contra a Igreja, lembrei-me de um comentário de um filósofo na segunda metade do século 19, duro período por que passou a Igreja Católica após o advento do marxismo:
"A Igreja viu os primórdios de todas as instituições que o nosso mundo conhece, e nós não temos absoluta certeza de que não esteja também destinada a lhes ver o fim"
Para meditação dos imprudentes

Aviso aos imprudentes

Citação

"O papel da oposição é criar dificuldades para o governo" .Gustavo Capanema, do livro Pensamentos

terça-feira, 6 de novembro de 2007

A questão do aborto, da violência e o silêncio de ouro

As declarações do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, estabelecendo relação de causa e efeito entre violência e índice de natalidade, com a infeliz sugestão subliminar de que o aborto seria a solução para inibir o processo, serve de exemplo para quantos participam da atividade política. Tanto quanto os peixes, políticos morrem pela boca. O vitorioso governador carioca foi vítima de uma doença que acomete os noviços e os imprudentes: o furor publicitário. Ficam magnetizados diante de câmeras de televisão ou gravadores e vão falando o que lhes vem na cabeça. Resultado: no dia seguinte, a correria dos desmentidos e das tentativas de explicações. Nestes momentos, tomem como modelo os velhos políticos mineiros, que jamais perdiam o amigo ou a oportunidade em troca de uma declaração. Foi daí que Magalhães Pionto tirou o slogan que ficou célebre: Minas trabalha em silêncio. Basta acompanhar o governador Aécio Neves, onde a prudência assentou barraca.

Uma entrevista sensacional

O jornal Estado de São Paulo publicou no último domingo, no caderno Aliás, interessante entrevista do historiador Hilário Franco Jr, que presta serviços ao Instituto de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Deve ser lida, para que todos se certifiquem dos rumos do futebol brasileiro e suas repercussões na vida da população. Assisti outro dia a uma interessante concentração de jovens pobres, diria, muito pobres, lutando pela retomada de um clube de futebol na cidade de Minas Novas-MG. Todos alimentam o sonho de, pela profissionalização, buscar a independência econômica e financeira através do futebol e dos contratos milionários em dólares. O resto não interessa. A entrevista do sr. Hilário Franco Jr. aborda com clareza e inteligência todos estes problemas, trazendo ao conhecimento do público brasileiro uma incômoca verdade: se tirar o futebol e as tragédias da cena, o Brasil desaparece do mapa mundi. A propósito deste, também causou susto o resultado da pesquisa feita pela OCDE (Prova Brasil) com 1000 estudantes brasileiros. Colocados diante de uma carta geográfica mundial, 50 por cento deles não conseguirm apontar o lugar do mundo onde está o Brasil. Com estes resultados e estas constatações, creio que os inúmeros cientistas políticos que abundam nas televisões e universidades podem concluir que a causa imediata dos problemas críticos vividos pelo Brasil é uma só: EDUCAÇÃO
A discussão iniciada pelo Supremo Tribunal Federal para decidir sobre o julgamento do ex-deputado Ronaldo Cunha Lima, que renunciou ao mandato, parece sinalizar nova postura da Suprema Corte com relação à necessidade de pôr termo ao uso imoderado do foro privilegiado, prerrogativa que deveria somente ser usada em casos de crimes políticos, jamais para crimes comuns. Se o Supremo assim decidir, seus componentes, mais uma vez, receberão os aplausos do povo brasileiro

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Novos municípios - mais ônus para o contribuinte

817 distritos brasileiros aguardam a aprovação no Congresso de permissão para serem elevados a município. Já são mais de 5 mil e em Minas Gerais 853, em sua grande maioria impotentes para prover sua própria administração. Além dos defeitos já observados da corrupção, nepotismo, câmara de vereadores ineficientes, criar mais municípios é impor uma sobrecarga tributária nas costas do contribuinte brasileiro. No caso mineiro, cerca de 70 por cento dos municípios vivem apenas por conta do FPM.

domingo, 4 de novembro de 2007

País do deboche

PAÍS DO DEBOCHE
* Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
No ano de 1993, o então governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima, tentou contra a vida de Tarcísio Burity, ex-governador de seu Estado, disparando contra ele três tiros. As seqüelas o mataram dez anos depois. O governador, quase assassino, teve a licença negada para quer fosse iniciado o processo penal, que somente teve curso após sua saída do governo e eleição para o Senado Federal, já aí no Supremo Tribunal Federal por força do privilégio de foro. Decorridos quatorze anos do crime, à véspera do seu julgamento, o deputado Ronaldo Cunha Lima renuncia o mandato, impedindo o veredicto final da Corte Suprema por força da volta dos autos à justiça comum da Paraíba. O episódio mostra esta constante na vida do Brasil, um país do deboche. Como classificar toda esta história senão como deboche, escárnio ou qual adjetivo mais pejorativo encontrar no dicionário para carimbá-la. Evitando o andamento do processo pelo emaranhado de dispositivos em nosso Código de Processo Penal, feito para manter este glorioso campeonato de impunidade que dá ao Brasil mais um de seus títulos de desonra, procrastinou durante quatorze anos através de incidentes processuais, assentados sobre a inexplicável e inextirpável morosidade da Justiça brasileira. Seu julgamento tinha data marcada para acontecer e dele era relator o Ministro Joaquim Barbosa, ganhador de justa notoriedade pelo seu desassombro com que relatou o processo contra a quadrilha do “mensalão”. Havia no ar cheiro de condenação. Valendo-se de um direito assegurado em lei, o deputado Ronaldo Cunha Lima renuncia seu mandato com a cínica justificativa de que desejava ser julgado por “seus iguais” paraibanos. Um deboche e um escárnio, como o Ministro Barbosa classificou o gesto despudorado do conterrâneo de José Lins do Rêgo. Para completar sua irresignação, o Ministro Joaquim Barbosa deveria também ter colocado com ferro em brasa na face da Justiça, para marcá-la com a denúncia contra esta recorrente e indefinida morosidade que só favorece os delinqüentes. A legitimidade de seu desabafo ficou comprometida pelos 14 anos de espera da decisão, em autos que jaziam imexidos nos desvãos das prateleiras do Tribunal. Para dar maior graça a este ar de deboche nas coisas do Brasil, senadores e deputados, poucos é verdade, saudaram o gesto do ex-governador da Paraíba como atitude de nobreza moral. Por sorte, a grande maioria dos componentes do Congresso Nacional preferiu mergulhar-se no silêncio profundo pela vergonha do labéu que lhe foi lançando ao rosto. De todo este triste episódio, é possível retirar algumas conclusões preocupantes. O povo brasileiro está anestesiado. Com sua capacidade de indignação amortecida. Alguns jornalistas, caracterizados pela coragem, trataram do assunto com palavras justas e adequadas, como se fossem clamantes num deserto de conveniências de toda natureza que predomina nos negócios públicos e privados deste imenso país. É o caso de se perguntar aos ministros do nosso Supremo Tribunal. Como ultimamente, tem sido norma da Suprema Corte absorver poderes até então da competência do Congresso Nacional, legislando para socorrer a sociedade com leis que a inação do legislativo não consegue produzir, porque não, por decisões e julgados terminativos, com o timbre de súmula vinculante, reagir contra o escárnio de que foi vítima fixando regras específicas para evitar casos tão vergonhosos como este? Vamos mergulhar no formalismo jurídico, será a resposta, que é útil num país sério, mas prejudicial num com esta enorme disposição para o deboche. Norberto Bobbio, nos seus escritos autobiográficos, tem uma lição inolvidável sobre as relações entre Direito e Poder, para ele, duas faces da mesma moeda, ambas imprescindíveis à sociedade. “Onde o direito é impotente, a sociedade corre o risco de precipitar-se na anarquia; onde o poder não é controlado, corre o risco oposto, do despotismo”. Do desequilíbrio entre os dois na atualidade brasileira, decorre este estado de frouxidão moral em que está mergulhado o país.

sábado, 3 de novembro de 2007

Observação - por falta de prática, esqueci de incluir o endereço do blog:
murilobadaro.blogspot.com
grato pela atenção

Inauguração do blog

Estou inaugurando hoje o blog. Decvidi pela sua criação em facer da necessidade de aumentar o universo de intercomunicação dominado pela internet, especialmente pelo indescritível poder formador de opin~ião no Brasil e no mundo. Como escrevo regularmente para jornais de Minas e do Brasil, ficarei muito feliz se puder estabelecer com outros blogueiros um relacionamento elevado de discussão dos temas neles abordados. Sds cordiais Murilo Badaró