sábado, 8 de dezembro de 2007

Silêncio perturbador

Quando Governador do Estado, Magalhães Pinto lançou arrojado programa de construção de prédios escolares, tendo como suporte publicitário o famoso slogan"Minas trabalha em silêncio". Nunca se gritou tanto naquela época para exaltar o silêncio, um dos estereótipos mais característicos da cultura mineira. Otto Lara Rezende dizia com sua fina ironia que "mineiro fala baixo e cobra juros altos". No seu célebre "Ensaio de Caracterização", Sílvio Vasconcelos coloca o silêncio, a discrição, a taciturnidade, como características dos mineiros, que em determinados períodos da história do Brasil colocaram bem alto sua voz em defesa de seus direitos. Agora, diante do grave problema da transposição das águas do Rio São Francisco, ouve-se em Minas um perturbador silêncio e nenhuma palavra organizada em solidariedade ao frade Luiz de Cappio, em greve de fome como solitário protesto contra a violência que se pretende perpetrar contra a natureza. Neste caso e equivocadamente, os mineiros estão levando o silêncio a uma grave deformação de caráter. O velho Chico é uma dádiva de Deus ao nosso Estado e a transposição vai acabar por definhá-lo até a morte.

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