terça-feira, 7 de outubro de 2008

Soneto de Guilherme de Almeida em homenagem aos últimos românticos

Beijos

Não queres que eu te beije! E o beijo é a própria vida:
a invenção mais divina e humana do Senhor;
é o fogo em que se abrasa uma alma a outra alma unida;
é o prólogo e também o epílogo do amor!

A lua beija o mar, nas ondas refletida;
o sol, beijando o céu, reveste-o de esplendor;
num beijo o orvalho alenta a planta emurchecida,
e a borboleta suga o mel beijando a flor. . .

Deixa que o meu amor expanda os seus desejos
beijando os lábios teus sem nunca se fartar!
chega ao meu coração, escuta-lhe os latejos!

A boca perfumada, ó deixa-me beijar!
Porque somente amando é que se trocam beijos
e porque beijando é que se aprende a amar!

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