domingo, 1 de novembro de 2009
O sermão eleitoral do Padre Francesco (crônica) IV
Compadre Juvêncio colocou-o inteiramente à vontade na franca conversa que tiveram. Astutamente, despertou-lhe a atenção para o passado de militante comunista do candidato adversário. Atingira o calcanhar de Aquiles e criava o pretexto que lançaria o vigário na campanha. Pediu inspiração aos santos de sua devoção e na primeira missa que celebrou, logo no início da campanha, recomendou aos fiéis abrirem os missais no Salmo número 20. Na homilia falou por duas vezes no evangelho de Lucas, capítulo 20, versículo 20. Nas orações finais recomendou aos fiéis 20 pai-nossos e 20 ave-marias. Por toda as capelas e igrejas da paróquia repetia o refrão. 20 era o número mais constante da Bíblia e dos textos sagrados. Até nas parábolas o número 20 era modelo. Foi um bruaá danado entre os paroquianos. A notícia de que o padre apoiava Juvêncio se espalhou como fogo encosta acima. À noite persignava-se piedosamente pedindo perdão pela ousadia sacrílega, mas havia encontrado pelo resto da campanha a maneira mais sutil de dar uma mãozinha ao compadre Juvêncio para derrotar um comunista anticristão. Como antigamente era inteligente o modo de fazer política.
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