domingo, 1 de novembro de 2009
O sermão eleitoral do Padre Francesco (crônica) III
O padre Francesco ficava a recordar de sua velha Itália, fugindo do assunto político nas conversas. Só abria uma exceção para o compadre Juvêncio, cujo nome era de quando em vez lembrado para candidato a prefeito de Serra das Trovoadas, ao qual advertia sempre para os riscos dessa atividade demoníaca. Política é destino e, mesmo sem o desejar, Juvêncio não teve alternativa senão aceitar a candidatura pelo Partido Social Cristão. O adjetivo "cristão" ajudava. Registrado com o número 20 e com razoáveis possibilidades de vitória, a candidatura do compadre Juvêncio representava para o clérigo o mesmo sofrimento e angústia que Jesus experimentou no deserto ao ser tentado por Satanás. Como deixar de solidarizar-se com o amigo que o amparou desde o primeiro momento em que chegou a Serra das Trovoadas, como conciliar sua aversão pela política com a candidatura do compadre, eram as questões que o atormentavam. Compadre Juvêncio colocou-o inteiramente à vontade na franca conversa que tiveram.
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