domingo, 27 de dezembro de 2009
Senha para amar em tempo de Natal IV
E tanto para Anacleto quanto para Emerenciana o reduzido universo interiorano lhes não permitia incursões heterodoxas. A ela, em especial. Ambos foram, pouco a pouco, sendo vencidos por Afrodite, mesmo afastados pela inconformidade e inflexível resistência de Meré ao ato desassisado do marido. Nosso herói cansado das noites indormidas pela lembrança do corpo jovem e esbelto da esposa a balouçar em seus pensamentos e agitar sua mente, resolve apanhar seu chinelo, atirando-o por sobre o tapume ao leito de Meré. Deu-se o milagre. Emerenciana apanha o seu e o lança em direção contrária. Foi a senha ansiosamente esperada para o reencontro, vivido na sofreguidão dos beijos e dos abraços saudosos. Continuaram não se falando. Muitas vezes depois os dois chinelos, a senha para amar, cruzaram no ar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário