domingo, 23 de dezembro de 2007
Errata
Em minha crônica sob o título R$10 reais, o preço de uma vida, onde se lê "Elogio a sinceridade" leia-se "Elogio da serenidade". Uma distração ao digitar o título do livro de Bobbio.
Boas Festas e Feliz Ano Novo
A quantos me honraram com sua leitura, formulo votos de um Feliz Natal e que o Ano de 2008 seja pleno de paz, segurança e tranqüilidade, extensivos à família. Que Deus esteja com todos e permaneça para sempre.
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
transposição do esgoto
O bispo Luiz Cappio deu por encerrada sua greve de fome contra as obras de transposição do Rio São Francisco. Em verdade, o dinheiro que o governo federal pretende gastar nas obras, seria muito mais útil e benéfico à população se fosse aplicado para construir redes de esgotamento sanitário e estações de tratamento nos municípios da bacia hidrográfica. Há quase duas centenas de municípios despejando seus esgotos no São Francisco, que está morrendo pouco-a-pouco. As obras, em começo de execução, servirão apenas para transposição de esgotos. Lamentável.
10 reais, o preço de uma vida
10 REAIS, O PREÇO DE UMA VIDA
* Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
Eis o fato: na periferia de Salvador, uma jovem, casada, mãe de dois filhos, sofre ataque de asma e procura uma farmácia para comprar um remédio contra a doença, a famosa bombinha que dispara um jato de broncodilatadores diretamente no pulmão. Vai acompanhada de seu padrasto, que ao chegar à farmácia percebeu haver deixado a carteira de dinheiro em casa. Por sua vez, Viviane tinha no bolso somente 12 reais, enquanto o medicamento custava R$ 22. Corriam os minutos e cada vez mais aflita com o acesso de asma, que se agravava na proporção do aumento de sua angústia, as duas funcionárias da farmácia não atenderam aos apelos da paciente e de seu padrasto, sendo que este se ofereceu para deixar os documentos do carro como garantia de que regressaria com o dinheiro para pagar a despesa. Ao ver Viviane com os lábios arroxeados, sinal de agravamento da crise, desistiu da negociação com as funcionárias da farmácia, colocou-a no carro para conduzi-la ao centro de saúde mais próximo. No caminho e antes de chegar ao hospital, Viviane desmaiou e teve uma parada cardiorespiratória. Era grave a situação e os médicos não conseguiram reanimá-la. O episódio se passou desta forma aqui descrita.
Quem tomou conhecimento do fato foi dominado pela mais intensa revolta, já presente entre os familiares que viveram o drama causado pela insensibilidade de funcionários de um estabelecimento, cujo ramo de negócios, por sua natureza e por lidar com a saúde e a vida das pessoas, tem obrigação e o dever de não cuidar tão somente da questão mercadológica. Em minha longa vida, já ouvi muita gente ser chamada de comunista por protestar contra atos deste jaez, por clamar por vingança contra atitudes de desprezo pela vida humana em favor de lucros demasiados. Como comunista ficou fora de moda, quem protestar contra este desapreço pela vida humana pode merecer qualquer tipo de apodo. Impossível é permanecer calado diante de tamanha brutalidade, produto de uma sociedade cada vez mais massificada pela cupidez do lucro a qualquer preço, até mesmo pelo preço de uma vida. Não se constrói uma nação com comportamentos deste tipo, recebidos com uma indiferença que chega às raias do absurdo. A vida por 10 reais, foi o preço pago por Viviane no infortúnio de não possuí-los em instante dramático de sua pobre existência. Se as empresas têm por obrigação a busca do lucro, como fundamental à sua própria existência, há de se inserir neste conceito um mínimo de resguardo do interesse social, sob pena de cairmos num sistema de capitalismo selvagem, em que a vida humana não merece qualquer apreço. Pessoalmente, revoltado e chocado com o grau de desumanidade do triste episódio que vitimou Viviane, fiquei preocupado em não ouvir um só protesto, uma só voz clamando por justiça, um só político a sugerir providências junto ao governo para sanar este mal em escala nacional. Na sua Autobiografia, Norberto Bobbio sentencia que “o fundamento de uma boa república, mais até do que as boas leis, é a virtude dos cidadãos”, repetida em sua maravilhosa obra Elogio da sinceridade, que deveria ser o livro de cabeceira dos políticos brasileiros. O triste episódio sucedido em Salvador mostra como estamos longe de ser uma boa república, pela ausência de boas virtudes nos cidadãos comuns e nos homens públicos. Ao terminar esta crônica, desejo tributar , ainda que pálida, uma homenagem a um cidadão que possuía aquelas virtudes clamadas por Bobbio. A morte de Efigênio Gomes Pereira empobreceu a cidade de Gouveia e a região mineira do Vale do Jequitinhonha. Criador de sua cidade, a ela devotou toda sua vida como prefeito e soldado sempre entrincheirado na defesa de seus interesses. Tomei conhecimento de sua inumação sete dias após e somente pude oferecer ao saudoso amigo e companheiro de lutas políticas minhas orações e o preito de saudade. Um grande homem. (murilobadaro.blogspot.com)
* Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
Eis o fato: na periferia de Salvador, uma jovem, casada, mãe de dois filhos, sofre ataque de asma e procura uma farmácia para comprar um remédio contra a doença, a famosa bombinha que dispara um jato de broncodilatadores diretamente no pulmão. Vai acompanhada de seu padrasto, que ao chegar à farmácia percebeu haver deixado a carteira de dinheiro em casa. Por sua vez, Viviane tinha no bolso somente 12 reais, enquanto o medicamento custava R$ 22. Corriam os minutos e cada vez mais aflita com o acesso de asma, que se agravava na proporção do aumento de sua angústia, as duas funcionárias da farmácia não atenderam aos apelos da paciente e de seu padrasto, sendo que este se ofereceu para deixar os documentos do carro como garantia de que regressaria com o dinheiro para pagar a despesa. Ao ver Viviane com os lábios arroxeados, sinal de agravamento da crise, desistiu da negociação com as funcionárias da farmácia, colocou-a no carro para conduzi-la ao centro de saúde mais próximo. No caminho e antes de chegar ao hospital, Viviane desmaiou e teve uma parada cardiorespiratória. Era grave a situação e os médicos não conseguiram reanimá-la. O episódio se passou desta forma aqui descrita.
Quem tomou conhecimento do fato foi dominado pela mais intensa revolta, já presente entre os familiares que viveram o drama causado pela insensibilidade de funcionários de um estabelecimento, cujo ramo de negócios, por sua natureza e por lidar com a saúde e a vida das pessoas, tem obrigação e o dever de não cuidar tão somente da questão mercadológica. Em minha longa vida, já ouvi muita gente ser chamada de comunista por protestar contra atos deste jaez, por clamar por vingança contra atitudes de desprezo pela vida humana em favor de lucros demasiados. Como comunista ficou fora de moda, quem protestar contra este desapreço pela vida humana pode merecer qualquer tipo de apodo. Impossível é permanecer calado diante de tamanha brutalidade, produto de uma sociedade cada vez mais massificada pela cupidez do lucro a qualquer preço, até mesmo pelo preço de uma vida. Não se constrói uma nação com comportamentos deste tipo, recebidos com uma indiferença que chega às raias do absurdo. A vida por 10 reais, foi o preço pago por Viviane no infortúnio de não possuí-los em instante dramático de sua pobre existência. Se as empresas têm por obrigação a busca do lucro, como fundamental à sua própria existência, há de se inserir neste conceito um mínimo de resguardo do interesse social, sob pena de cairmos num sistema de capitalismo selvagem, em que a vida humana não merece qualquer apreço. Pessoalmente, revoltado e chocado com o grau de desumanidade do triste episódio que vitimou Viviane, fiquei preocupado em não ouvir um só protesto, uma só voz clamando por justiça, um só político a sugerir providências junto ao governo para sanar este mal em escala nacional. Na sua Autobiografia, Norberto Bobbio sentencia que “o fundamento de uma boa república, mais até do que as boas leis, é a virtude dos cidadãos”, repetida em sua maravilhosa obra Elogio da sinceridade, que deveria ser o livro de cabeceira dos políticos brasileiros. O triste episódio sucedido em Salvador mostra como estamos longe de ser uma boa república, pela ausência de boas virtudes nos cidadãos comuns e nos homens públicos. Ao terminar esta crônica, desejo tributar , ainda que pálida, uma homenagem a um cidadão que possuía aquelas virtudes clamadas por Bobbio. A morte de Efigênio Gomes Pereira empobreceu a cidade de Gouveia e a região mineira do Vale do Jequitinhonha. Criador de sua cidade, a ela devotou toda sua vida como prefeito e soldado sempre entrincheirado na defesa de seus interesses. Tomei conhecimento de sua inumação sete dias após e somente pude oferecer ao saudoso amigo e companheiro de lutas políticas minhas orações e o preito de saudade. Um grande homem. (murilobadaro.blogspot.com)
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Democracia funciona deste modo
Bastou tão somente a oposição se organizar e mostrar a face, o governo passou a se comportar civilizadamente. Como era antes, frouxa, descoordenada, vacilante, a oposição permitia ao governo praticar atos de verdadeira delinqüência política. Com a mudança de comportamento, para merecer o respeito da opinião pública, a oposição colocou o governo nos trilhos da lei e da normalidade democrática. Ganharam o Brasil e a democracia.
O Brasil real e o Brasil da publicidade
O processo de lavagem cerebral a que está submetida a população brasileira, provoca este estado de apatia que impede a indentificação da verdade. Com relação à educação, as entranhas do grave problema já vieram à luz. Agora, mais um dado negativo aparece, com o atestado de seriedade de quem o produz, a Rede de Informação Tecnológica Latino-Americana (RITLA): 53,1% dos jovens brasileiros, na idade de 15 a 24 anos, estão fora da escola e 19,9% não trabalham nem estudam. Se considerarmos as camadas mais pobres da população, o número cresce para 34,8%. Como pretender o crescimento do país em face deste quadro desolador? E tem mais números que mostrarei depois, especialmente os da criminalidade entre os jovens.
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
As deserções de Cuba
Fico pensando como reagem os adeptos de Fidel Castro e os enamorados do regime comunista de Cuba, ao assistirem às fugas do regime dos artistas e celebridades cubanas em busca de liberdade. No Brasil, por último, foram três artistas que pediram asilo, enquanto nos Estados Unidos são milhares que conseguiram escapar da tirania do poder e da fome.
Entranhas apodrecidas
Com o início dos depoimentos dos envolvidos no famoso episódio do "mensalão", reaparecem aos olhos do país as entranhas apodrecidas do mais espetacular assalto aos cofres públicos, causando novamente asco e revolta na população brasileira.
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Conselho de Augusto Meyer
Na contra-capa do livro "Auguysto Meyer, ensaios escolhidos:
"No meu obscuro entendimento, aprender a escrever é aprender a escolher, cheirar, pesar, medir, sacudir antes de usar, apalpar, comparar e afinal rejeitar muito mais que adotar linguarudas famílias de palavras, que atravancam a memória e impedem que a gente se ouça um pouco, nos raros momentos de diálogo e murmúrio subjetivo. Para mim, o escritor é uma espécie de jejuador perpétuo: condenado a transformar toda a exuberância da vida em dois ou três compassos da sua música interior, inatingível na essência mais profunda, jejua à mesa posta dos seus desejos, castigando com cilício as lúxurias do verbo".
Lembrei-me desta citação depois de ler uma petição assinada por jovem advogado, que começa com uma palavra que jamais havia encontrado em minhas leituras.
"No meu obscuro entendimento, aprender a escrever é aprender a escolher, cheirar, pesar, medir, sacudir antes de usar, apalpar, comparar e afinal rejeitar muito mais que adotar linguarudas famílias de palavras, que atravancam a memória e impedem que a gente se ouça um pouco, nos raros momentos de diálogo e murmúrio subjetivo. Para mim, o escritor é uma espécie de jejuador perpétuo: condenado a transformar toda a exuberância da vida em dois ou três compassos da sua música interior, inatingível na essência mais profunda, jejua à mesa posta dos seus desejos, castigando com cilício as lúxurias do verbo".
Lembrei-me desta citação depois de ler uma petição assinada por jovem advogado, que começa com uma palavra que jamais havia encontrado em minhas leituras.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
A vida por 10 reais
Custa acreditar que uma vida foi sacrificada por não possuir a importância de 10 reais. Uma tragédia que demonstra o grau de insensibilidade que domina os tempos presentes. Vou escrever sobre isto no próximo sábado.
A camiseta de Kaká
Depois de marcar o terceiro gol do Milan contra o Boca Juniors, uma maravilha de tento que somente os grandes craques sabem fazer, Kaká levantou a camisa do seu clube para deixar aparecer a camiseta com a inscrição "I belong to Jesus" (eu pertenço a Jesus). Um gesto de grande beleza e significação e que, partido de um famoso atleta, certamente ajudará a espalhar pelo mundo a crença definitiva em Jesus.
domingo, 16 de dezembro de 2007
Sobre o Itamarati
Quem nutre velha admiração pelo Itamarati, a casa de Rio Branco e de nossos melhores diplomatas, não pode deixar de ler a carta aberta publicada no Jornal do Brasil, edição de hoje 16-12, enviada ao Ministro Celso Amorim pelo diplomata aposentado Márcio de Oliveira Dias. Um verdadeiro libelo, a pretexto da omissão da Chancelaria brasileira quando da morte do embaixador Mário Gibson Barbosa.
uma estrada pede socorro
Há algum tempo não viajava pela BR 381, por onde trafeguei durante anos ao tempo da militância política pelas regiões sul-mineiras. Fui a Pouso Alegre para o presidir o encerramento XXX Festival de Jogos Florais e a rodovia está pedindo socorro, especialmente no trecho após o trevo de Varginha. O estado da estrada representa um perigo para os motoristas e uma demonstração de desmazelo do governo. Perto de São Gonçalo do Sapucai há uma tímida operação tapa-buraco, que, no ritmo em que vai, certamente tornará necessária outra após as chuvas que estão se aproximando. E tudo isto acontece sem uma voz que denuncie este estado de coisas. O antigo deputado, hoje fora de combate, ressurge em mim com vigor quando vejo estas coisas.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
Povo de escravos
Escrevendo sobre os péssimos resultados da educação no Brasil, citei precioso conceito de Olavo Bilac de seu livro Ironia e Piedade, escrito em 1916, quando ao visitar Minas foi ao povoado de Teixeiras e lá encontrou 237 pessoas residentes na aldeia, das quais apenas duas sabiam ler e escrever. Dominado por febre de indignação cívica, lavrou seu protesto com estas palavras: "Não tratamos de criar um público, nem de criar um povo livre. Estamos criando um povo de escravos". Noventa e um anos depois dessa triste constatação do admirável intelectual brasileiro, o Brasil ostenta os piores resultados em matéria de educação, indicando o diagnóstico da mais grave crise que assola o país.
Sintoma de doença grave
Conversando com prestigioso membro da bancada mineira na Câmara dos Deputados, em resposta a uma minha indagação afirmou que o problema existente com relação às dificuldades enfrentadas pelo governo era a quebra de confiança. Em resumo: ninguém confia na palavra do Presidente e muito menos dos seus auxiliares. O sintoma desta doença grave no quadro institucional foi posto à mostra pela carta que o Presidente da República dirigiu ao líder da maioria no Senado, endossando compromissos do Ministro da Fazenda. Aprendemos durante toda a vida que "palavra de rei não volta atrás". Quando o Chefe de Estado é tangido a escrever carta para manter compromissos, praticou erro imperdoável ao sinalizar o fim de seu governo. Perdida a confiança, nada mais resta, senão o jogo bruto do vale-tudo
quinta-feira, 13 de dezembro de 2007
Curiosidade: o grito de Tarzan
A nova geração não ouviu nos filmes o famoso grito de Tarzan, imortalizado pelo ator Johnny Weissmüller. Agora a justiça européia decidiu contrariar os herdeiros do escritor Edgar Rice Burroughs, criador do personagem, que tentavam obter os direitos autorais do grito. Agora, tornou-se domínio público e pode ser usado por quem o desejar. Para os de minha geração, apenas uma nota de saudade!
O Rio São Francisco e o frei Luiz Cappio
O Presidente da República disse aos cardeais da CNBB que o governo não pode recuar diante de ato isolado de uma greve de fome. Seria capitulação, que significaria o fim do governo, assinalou o presidente. Ocorre que a greve de fome não é ação isolada de um frade franciscano, mas a representação dramática de um protesto que está preso na garganta de milhões de brasileiros, impotentes para fazer chegar ao centro do poder sua inconformidade. O Brasil corre o risco de ter um mártir criado pela intransigência e teimosia do governo, estrábico diante da realidade de uma situação que está conduzindo um grande curso d'água à morte. É preciso reconduzir o Presidente de volta à razão e ao bom senso
Viva a oposição!
Assim se comporta a oposição numa democracia. Mesmo numericamente reduzida, seu dever é lutar por aquilo que considera de interesse do país. Lutou e venceu, com as palmas da vitória a serem depositadas nas mãos do senador Arthur Virgílio pela sua inexcedível bravura cívica e fidelidade a princípios.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
Encontro com a história
As oposições brasileiras têm hoje encontro marcado com a história. Podem capitular ante forças mais poderosas, o que é natural nas batalhas. O que não podem é perder a honra.
Visita a Oscar Niemeyer
Após o almoço na Academia, o Governador Aécio Neves convidou-me a acompanhá-lo ao escritório de Oscar Niemeyer, aonde foi cumprimentar o notável arquiteto pelo aniversário e dar-lhe a notícia do início das obras do Centro Administrativo, para que havia dado ordem de serviço e a recomendação de imprimir às obras o "ritmo de Brasília". Niemeyer estava lúcido e bem disposto, conversando com desenvoltura. Havia me encontrado com ele quando da pesquisa para a biografia de Gustavo Capanema, que Niemeyer ontem recordou para dizer que tudo começou com ele pela indicação feita ao prefeito Juscelino Kubitschek, depois da assessoria prestada ao Ministro na construção do prédio do Ministério da Educação.
Almoço na Casa de Machado de Assis
Convidado pelo acadêmico Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras, acompanhei o governador Aécio Neves no almoço (chamado nordestinamente de "merenda acadêmica" pelo presidente) oferecido em homenagem ao dirigente mineiro e a Minas. Presentes vários membros do sodalício de Joaquim Nabuco, inclusive os mineiros que dele fazem parte atualmente. Vilaça fez breve e inteligente discurso, cheio de verve, recordando a influência de Minas, falando dos homens nascidos em Minas que no passado fizeram parte da Academia, para exaltar, ao final, os últimos atos do governador Aécio Neves em favor da cultura. Em minha já longa experiência de vida pública, jamais vi um chefe de Estado tão comovido e emocionado quanto o jovem Aécio ao agradecer a homenagem que lhe era tributada. Tive o prazer de sentar-me ao lado do futuro presidente Cícero Sandroni, que se empossa amanhã, com quem mantive uma agradável e produtiva charla. Um cenário inesquecível.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
A greve de fome do bispo
Começa a inquietar a opinião pública a greve de fome de dom Luiz Cappio em protesto contra as obras de transposição do rio São Francisco. A entrevista do prelado, publicada hoje no Globo on-line, é um libelo irrespondível contra a pressa do governo em iniciar as obras. Diz, entre outras coisas, que o rio está morrendo pelo despejo de esgoto sanitário e industrial em quase toda sua extensão, desde a nascente, sem providências governamentais para salvá-lo. Há algum tempo e em ocasião semelhante, o secretário José Carlos Carvalho, da Secretaria de Meio Ambiente de Minas, deu candente entrevista e manifestou expressivos argumentos contra a transposição. Sua voz está sendo novamente reclamada pelos mineiros que amam o velho Chico.
Dia glorioso para a Academia Mineira de Letras
A Academia Mineira de Letras viveu ontem um dia de glória, não apenas pela honrosa presença do Governador Aécio Neves, do vice-governador Antônio Anastasia e do acadêmico Antônio Cândido, mas pelo lançamento do Prêmio Mineiro de Cultura, em escala nacional, e a entrega do prêmio a Antônio Cândido pelo conjunto de sua obra literária. Na ante-véspera de comemorar seu centenário, no ano de 2009, a Casa de Alphonsus de Guimaraens e de Vivaldi Moreira mereceu a honra de ser transformada em sede do Governo de Minas para o anúncio da láurea que será uma marca do governo Aécio Neves no setor cultural. Nesta luta pela cultura, a AML é combatente de primeira linha.
Modelo de oposição
No meu tempo de parlamento, quando na oposição, a atitude era exatamente igual àquela defendida ontem no Senado pelo Senador Arthur Virgílio. Bravura e coragem na sustentação de seu ponto de vista. Não se dá a mão ao adversário por cima da trincheira. Simplesmente porque a oposição é essencial ao jogo democrático
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
Lei de Imprensa
O deputado Miro Teixeira pretende modificar a atual Lei de Imprensa, combatida por muitos setores da imprensa brasileira. O problema é o perigo existente. Consoante os antecedentes deste governo, que pretendeu criar um Conselho Nacional de Jornalismo e acaba de montar uma TV para seu delírio publicitário, está arriscado assistirmos impotentes à construção de uma legislação ainda pior do que a existente. Se não puder deixar a imprensa totalmente livre, submetida apenas aos cuidados do Código Penal para quem praticar os delitos de calúnia, injúria e difamação, melhor não mexer na atual, salvo somente para eliminá-la de vez.
Em quem acreditar?
Se no presidente que luta pela aprovação da CPMF sob o alegação de não ter recursos para a saúde ou no presidente que doa 12 milhões de reais para escolas de samba no Rio de Janeiro!
domingo, 9 de dezembro de 2007
Magistrado severo
Vale a pena ler a entrevista do juiz Fausto Martin de Sanctis, da Sexta Vara Criminal de São Paulo, publicada na Revista Veja. Sua rigorosa atuação colocou na cadeia vários e importantes corruptos e corruptores do país. Modelo a ser seguido, praza aos céus.
Oscar Niemeyer
Na comemoração do centenário do grande artista, o Brasil deve a ele uma profunda reverência.
sábado, 8 de dezembro de 2007
Suspeita confirmada
Deu hoje na primeira página do jornal "O Globo":
"O Ministério da Saúde planeja contratar cinco mil servidores até 2011 para atingir as metas do PAC da Saúde. O dinheiro da CPMF, porém, não está garantido".
"O Ministério da Saúde planeja contratar cinco mil servidores até 2011 para atingir as metas do PAC da Saúde. O dinheiro da CPMF, porém, não está garantido".
Estréia de coluna no jornal "OTempo"
Durante meio século, sempre tive uma tribuna parlamentar à minha disposição. Abandonando a política, restou-me a crônica jornalística como sucedâneo dela. Hoje, dia 8 de dezembro de 2007, estou fazendo minha estreia como colaborador do Jornal "O Tempo", publicando texto na página de Opinião para avaliação crítica dos leitores.
Silêncio perturbador
Quando Governador do Estado, Magalhães Pinto lançou arrojado programa de construção de prédios escolares, tendo como suporte publicitário o famoso slogan"Minas trabalha em silêncio". Nunca se gritou tanto naquela época para exaltar o silêncio, um dos estereótipos mais característicos da cultura mineira. Otto Lara Rezende dizia com sua fina ironia que "mineiro fala baixo e cobra juros altos". No seu célebre "Ensaio de Caracterização", Sílvio Vasconcelos coloca o silêncio, a discrição, a taciturnidade, como características dos mineiros, que em determinados períodos da história do Brasil colocaram bem alto sua voz em defesa de seus direitos. Agora, diante do grave problema da transposição das águas do Rio São Francisco, ouve-se em Minas um perturbador silêncio e nenhuma palavra organizada em solidariedade ao frade Luiz de Cappio, em greve de fome como solitário protesto contra a violência que se pretende perpetrar contra a natureza. Neste caso e equivocadamente, os mineiros estão levando o silêncio a uma grave deformação de caráter. O velho Chico é uma dádiva de Deus ao nosso Estado e a transposição vai acabar por definhá-lo até a morte.
Embusteiros II
O governo federal, pelo Conselho Monetário Nacional, anuncia a redução de tarifas bancárias. Veja o embuste: vigência somente a partir de abril de 2008. É a primeira vez no mundo que se anuncia redução de preços para vigir seis meses após o anúncio. É bem provável que os iluminados técnicos governamentais estejam pensando que a sociedade brasileira vai acreditar nesta falácia. Os bancos famélicos devem estar dando risadas, trepados na suas montanhas de lucros.
Embusteiros I
O Brasil vive há anos dominado pelo embuste. Comprove: diz o governo que a saúde não pode sobreviver sem o imposto do cheque, criado pelo Ministro Adib Jatene para ser todo entregue à política governamental para tratamento de um país cada vez mais doente. Nada disto jamais foi feito, senão em minguadas parcelas. Você pode comprovar esta verdade se fizer uma visita à porta dos hospitais e verificar como eles estão se assemelhando a pátios de milagres. A CPMF não é mais necessária. O governo tem saldos fantásticos no seu superavit orçamentário. Entregando a ele mais 40 bilhões, serão mais 5 mil ou mais petistas na garupa do governo.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Câmaras de horrores
A presidente da Câmara Municipal de Matozinhos, atacada pelo Ministério Público e afastada por decisão do Judiciário, foi erigida em bode expiatório e é, nada mais nada menos, a ponta do "iceberg" oculto nas águas contaminadas da política nacional. Desde que o Presidente Geisel revogou o princípio de que mandato de vereador era gratuito e considerado serviço público, para transformá-lo em atividade remunerada, criou uma vasta sinecura pelo Brasil afora. A gastança prevaleceu mesmo após a redução do número de vereadores, pois ficou mantida a verba destinada ao lesgislativo municipal. O resultado é a gastação e o abuso, assinalados pela contrataçaõ de parentes, de apaniguados políticos e a farra de viagens estereotipada no turismo em Buenos Aires. O zelo do Ministério Público e o rigor do Judiciário no caso de Matozinhos, devem ser estendidos a todos os municípíos mineiros.
Estado do Pará: o fim do mundo
A cada novo dia, as autoridades petistas do Pará apontam para o caminho do fim do mundo quando falam a respeito da decisão de manter uma menor de quinze anos numa cela com quatro barbados. A Justiça puniu a inadverrtida juíza que permitiu tal monstruosidade, que para a governadora e as autoridades policiais daquele Estado são uma rotina no dia-a-dia. Pará: transformado no fim do mundo pela incompetência de autoridades.
um homem de idéias
Para mim não foi surpresa o alto nível da palestra proferida pelo vice-governador Antônio Anastasia numa reunição promovida pela Fundação Getúlio Vargas, a propósito da implantação de seu núcleo em Belo Horizonte. Falando com desenvoltura e serenidade de quem possui inteiro domínio do tema, Anastasia discorreu sobre os problemas da federação brasileira, da crescente perda de poder dos Estados e Municípios, da redução de receitas tributárias e, especialmente, sobre a necessidade de dar à administração pública um grau de cientificidade capaz de assegurar ao poder público a eficiência que a população reclama. Reduziu tudo a uma frase: dar categoria de coisa nobreza ao problema da administrfação pública. Um momento brilhante proporcionado pelo professor Antônio Anastasia.
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
falência na educação
Os resultados apresentados sobre o atual estágio da educação no Brasil são lamentáveis. Há dias foram divulgados dados sobre ciências. Ficamos nos últimos lugares no concerto das nações. Agora surgem os resultados de matemática e leitura, com aproveitamento lamentável. Fomos para os últimos lugares entre os piores. No caso da leitura há ainda um acréscimo notável: a grande maioria do alunado, além de ler mal, não consegue apreender o quer leu e muito menos fazer comentários sobre a matéria lida. De nada adianta propagandear resultados, não raro, fictícios de evoluções em outros setores. A base está naufragando e o desenvolvimento nacional sofrendo sérios riscos de não avançar.
A lição da Venezuela
O resultado do plebiscito venezuelano foi útil aos sistemas que buscam o aperfeiçoamento da democracia. Principalmente naquele país, onde o regime democrático tem sofrido repetidos golpes. Os propagandistas de Hugo Chavez, em grande número aqui no Brasil, exaltam seu comportamento e o apelidam de democrata. Ainda falta muito para defini-lo como tal. Para chegar a este estágio de merecer a honrosa adjetivação, o coronel precisa revogar as violências que praticou a partir do momento em que decidiu agir como único poder em seu país. Seja como for, a lição de Venezuela deve ter desestimulado os petistas brasileiros de avançar com a idéia do plebiscito para o terceiro mandato de Lula e colocado no molho as barbas de Evo Morales e Rafael Corrêa.
uai, nenhum mineiro na lista dos melhores
Não apareceu na lista dos melhores do campeonato brasileiro de 2007 o nome de qualquer jogador em atividade nas Minas Gerais. Um sinal preocupante da fragilidade do futevbol aqui praticado. Nem mesmo a torcida do Atlético foi contemplada, tal e qual a do Flamengo. Pelo menos menção honrosa merecia a chamada "força atleticana de ocupação".
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
sic semper tyrannus
Com o voto, as democracia fazem aquilo que na escuridão da história o punhal muitas vezes realizou: acabar com os tiranos. O resultado do plebiscito na Venezuela mostrou, mais uma vez, a força da democracia e do voto popular. Merecem destaque os estudantes venezuelanos, responsáveis pela reorganização da oposição naquele país, antes desmoralizada pelos políticos.
domingo, 2 de dezembro de 2007
Encíclica papal
Apesar do longo texto, vale a pena ler a Encíclica do Papa Bento XVI pela sua grande atualidade religiosa e também política. Suas observações a respeito dos regimes totalitários são irretocáveis e irresistível é seu dialético chamamento para Deus. Que os padres espalhados pelos grotões saibam dar a ela a repercussão merecida.
rejeição a novo mandato
Não poderia ser mais expressiva a pesquisa divulgada neste domingo pela Folha de São Paulo. Quase 70 por cento dos consultados, espalhados pelo país, mostram-se contrários a um terceiro mandato para o presidente Lula, não obstante estarem seus índices de popularidade ainda altos, especialmente no nordeste. Com a crescente consolidação da democracia no Brasil, fica cada dia mais evidenciado o repúdio a uma tentativa, que, forçada, toma feições de verdadeireo golpe de estado.
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
o delegado aloprado
Personalidades com visíveis sinais de perturbação, que a imprensa já apelidou de "aloprados", ganham novamente as manchetes, tal e qual o delegado da cidade paraense de Abaetepeba, onde sua excelência permitiu que uma menor de 15 anos permanecesse detida numa cela com 20 homens. Justificou sua irresponsabilidade taxando a menor de desequilibrada mental. E a governadora do glorioso Estado, indagada se iria exonerá-lo, disse apenas que ainda vai conversar com ele. Assim têm se comportado, infelizmente, algumas figuras governamentais do PT. Nada sabiam e quando tomam conhecimento das mazelas que criaram ou abasteceram com sua incompetência, colocam a culpa nos adversários. O Brasil não merecia esta cusparada em seu rosto.
o roto e o esfarrapado
Somente na propaganda governamental é possível comemorar a inclusão do Brasil no 70 lugar, na relação dos países de IDH dentro das taxas de países desenvolvidos. Ficamos no último posto, em situação que nem de longe está ajustada à realidade. Basta andar pelas periferias das grandes cidades, passear pelo interior do nordeste e, quem não desejar ir tão longe, dê uma volta pelo Jequitinhonha ou norte de Minas. Vai identificar situações de extrema pobreza e ausência do governo para solução dos problemas fundamentais, especialmente o da educação. O relatório da ONU, por extrema generosidade, tirou-nos da relação dos rotos e nos colocou na lista dos esfarrapados. E o governo solta foguetes.
domingo, 25 de novembro de 2007
O artigo da semana
BARBARISMO
* Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
Não há adjetivação suficientemente forte e expressiva para qualificar os acontecimentos verificados no Estado do Pará, quando uma menina de apenas 15 anos, colocada presa numa cela de homens, foi vítima de inomináveis violências, muitas das quais se submeteu em permuta por um prato de comida malcheirosa e poluída. A trêfega governadora do Pará tentou justificar esta prática inqualificável com as desculpas formais de sempre, com o que nada explicou e acabou por devassar as entranhas do Brasil aos olhos do mundo como uma nação de bárbaros. Todos sabem do precário estado das prisões no país, do excesso de aprisionados, do mau tratamento que lhes é infligido, da prestação alimentar deficiente, quando não estragada. Mas jamais poderiam, pelo menos aqui no sul maravilha, adivinhar a existência de prisão masculina que também abriga mulheres, submetendo-as a toda sorte de sevícias e estupros. O mais grave em tudo isto foi a serenidade e a calma com que a governadora do Pará assinalou existirem outras prisões masculinas em seu Estado que também acolhem detentas. Transformaram-se em lupanares oficiais sob a custódia do poder público, pasmem todos. O descrito pela infante das sevícias sofridas durante o tempo em permaneceu presa na cela com 20 detentos, com conhecimento da Justiça e do Ministério Público, sob o silêncio cúmplice da Secretaria de Segurança, é um quadro de horrores que expõe o rosto do Brasil desfigurado ao resto do mundo e o sinal da falência do poder público naquela província do norte. O mais constrangedor em tudo isto é que o fato acontece coincidindo com a publicação do relatório da ONU de que há “tortura sistemática no Brasil”. Ao fazer tal revelação, o representante das Nações Unidas que visitou recentemente o Brasil observou pessoalmente a situação de várias prisões brasileiras, onde, em sua grande maioria, ocorre tortura sistemática, seja pela forma de espancamentos ou, em sua maior parte, pela negação de alimentação e condições de saúde com um mínimo de dignidade. Quando acontecem as rebeliões que, de resto, terminam sempre em incêndios, depredações e assassinatos, além de prejuízos materiais, a opinião pública tem uma fotografia sem retoques do estado de insolvência do sistema carcerário brasileiro. Mas o caso ocorrido na cadeia pública da cidade paraense ultrapassa todos os limites. Quando se flagram situações de corrupção permitindo a fuga de delinqüentes perigosos, quando são exibidas cenas de licenciosidade dentro de presídios durante visitas reservadas, quando fazem concessões irregulares a prisioneiros especiais, não faltam espíritos pouco atilados a justificar tais denúncias como exageros de imprensa. Em verdade, este é o estado de caos imperante no sistema presidiário brasileiro. Agora já apareceram pessoas a enxergar nas denúncias uma marcação contra uma governadora do PT, que até agora não se esmerou o suficiente para merecer os aplausos de seus conterrâneos, segundo se depreende do noticiário geral da imprensa nacional. Mas as explicações oferecidas pelo seu governo sobre a barbárie, a nota oficial de afirmações cediças de que não compactua com violação dos direitos humanos, quando ela mesma confessa a existência de generalizada violação nas prisões do Estado que governa, põem a nu tão somente a desatenção governamental para este aspecto fundamental dos direitos humanos, que é o tratamento desumanitário àqueles que já sofrem pela privação da liberdade. Se esta notícia fosse retirada dos jornais ao tempo da Grande Guerra de 39 a 45, era perfeitamente possível imaginar que o episódio da tortura contra a menor houvesse sido praticada pela Gestapo, numa cadeia da Alemanha hitlerista. Nada diferente do sucedido em pleno coração de um país democrático, em regime constitucional e com os direitos garantidos pela Constituição. Quando li esta notícia fiquei pensando nos palavrões que o presidente Lula deve ter proferido, quando ficou sabendo do episódio acontecido num Estado governado por correligionária sua, ao demolir num piscar de olhos todo o trabalho que ele vem fazendo para oferecer ao mundo civilizado uma imagem favorável do Brasil.
* Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
Não há adjetivação suficientemente forte e expressiva para qualificar os acontecimentos verificados no Estado do Pará, quando uma menina de apenas 15 anos, colocada presa numa cela de homens, foi vítima de inomináveis violências, muitas das quais se submeteu em permuta por um prato de comida malcheirosa e poluída. A trêfega governadora do Pará tentou justificar esta prática inqualificável com as desculpas formais de sempre, com o que nada explicou e acabou por devassar as entranhas do Brasil aos olhos do mundo como uma nação de bárbaros. Todos sabem do precário estado das prisões no país, do excesso de aprisionados, do mau tratamento que lhes é infligido, da prestação alimentar deficiente, quando não estragada. Mas jamais poderiam, pelo menos aqui no sul maravilha, adivinhar a existência de prisão masculina que também abriga mulheres, submetendo-as a toda sorte de sevícias e estupros. O mais grave em tudo isto foi a serenidade e a calma com que a governadora do Pará assinalou existirem outras prisões masculinas em seu Estado que também acolhem detentas. Transformaram-se em lupanares oficiais sob a custódia do poder público, pasmem todos. O descrito pela infante das sevícias sofridas durante o tempo em permaneceu presa na cela com 20 detentos, com conhecimento da Justiça e do Ministério Público, sob o silêncio cúmplice da Secretaria de Segurança, é um quadro de horrores que expõe o rosto do Brasil desfigurado ao resto do mundo e o sinal da falência do poder público naquela província do norte. O mais constrangedor em tudo isto é que o fato acontece coincidindo com a publicação do relatório da ONU de que há “tortura sistemática no Brasil”. Ao fazer tal revelação, o representante das Nações Unidas que visitou recentemente o Brasil observou pessoalmente a situação de várias prisões brasileiras, onde, em sua grande maioria, ocorre tortura sistemática, seja pela forma de espancamentos ou, em sua maior parte, pela negação de alimentação e condições de saúde com um mínimo de dignidade. Quando acontecem as rebeliões que, de resto, terminam sempre em incêndios, depredações e assassinatos, além de prejuízos materiais, a opinião pública tem uma fotografia sem retoques do estado de insolvência do sistema carcerário brasileiro. Mas o caso ocorrido na cadeia pública da cidade paraense ultrapassa todos os limites. Quando se flagram situações de corrupção permitindo a fuga de delinqüentes perigosos, quando são exibidas cenas de licenciosidade dentro de presídios durante visitas reservadas, quando fazem concessões irregulares a prisioneiros especiais, não faltam espíritos pouco atilados a justificar tais denúncias como exageros de imprensa. Em verdade, este é o estado de caos imperante no sistema presidiário brasileiro. Agora já apareceram pessoas a enxergar nas denúncias uma marcação contra uma governadora do PT, que até agora não se esmerou o suficiente para merecer os aplausos de seus conterrâneos, segundo se depreende do noticiário geral da imprensa nacional. Mas as explicações oferecidas pelo seu governo sobre a barbárie, a nota oficial de afirmações cediças de que não compactua com violação dos direitos humanos, quando ela mesma confessa a existência de generalizada violação nas prisões do Estado que governa, põem a nu tão somente a desatenção governamental para este aspecto fundamental dos direitos humanos, que é o tratamento desumanitário àqueles que já sofrem pela privação da liberdade. Se esta notícia fosse retirada dos jornais ao tempo da Grande Guerra de 39 a 45, era perfeitamente possível imaginar que o episódio da tortura contra a menor houvesse sido praticada pela Gestapo, numa cadeia da Alemanha hitlerista. Nada diferente do sucedido em pleno coração de um país democrático, em regime constitucional e com os direitos garantidos pela Constituição. Quando li esta notícia fiquei pensando nos palavrões que o presidente Lula deve ter proferido, quando ficou sabendo do episódio acontecido num Estado governado por correligionária sua, ao demolir num piscar de olhos todo o trabalho que ele vem fazendo para oferecer ao mundo civilizado uma imagem favorável do Brasil.
sábado, 24 de novembro de 2007
Hímem complacente
Os mineiros precisam encarar estes episódios envolvendo alguns de seus homens públicos, como resultado de anos seguidos de tolerância com abusos repetidos pratiados contra os bons costumes políticos. É a teoria do himem complacente, que perdurou durante anos e ainda está em pleno vigor na política brasileira. Pela primeira vez, no episódio do tristemente famoso "mensalão", a Justiça resolveu agir com maior rigor, sob aplausos unânimes da opinião pública. É necessário que este rigor no cumprimento das leis não seja abrandado, simplesmente porque os inocentes e os puros nada têm a temer. É a única maneira de provarem sua inocência. O que não é mais possível é pretender alegar suposta virgindade com o hímem complacente.
Isto é uma vergonha!
Nunca neste país se viu coisa igual: colocar uma presa numa cela com outros detentos. E o pior: a governadora do Pará disse com a cara mais limpa deste mundo que tal acontece em quase todas as prisões do seu Estado. Em matéria de decadência moral e política, a governadora e seu Estado acabam de ganhar o campeonato. Lamentavelmente, o que ela disse a respeito da gloriosa província paraense deve ser norma geral nas prisões do país. Resultado: a imagem do Brasil está despedaçada perante o mundo. Como gostava de dizer o cronista de telev isão Boris Casoy, com sua ênfase especial, "isto é uma vergonha"!
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
Exibição de gala
Ainda a propósito da festa do Lions, na qual fui agraciado com a medalha JK pela Academia Mineira de Leonismo, em noite inesquecível, deixei de comentar duas apresentaçoes de gala do coral do SESI-MINAS e do Ballet SESI-MINAS. O coral mostrou-se de uma magnífica sonoridade e afinaçao, enquanto que o ballet, com o famoso bailado "Dom Quixote", causou emoções à platéia, especialmente pelo alto nivel das exibições das duas solistas e respectivos "partners". São episódios que ficam incorporados à nossa vida pela beleza das palavras ouvidas, pelos aplausos recebidos e pelas emoções desencadeadas. Alguma coisa para ficar esculpida em ouro "ad aeternum". Foi tudo muito bonito e emocionante
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
chega de vereadores
Está em andamento no Congresso um movimento para aumentar o número de vereadores nas câmaras municipais. Uma verdadeira inutilidade. O que é necessário é ajustar os recursos destinados às edilidades, que se mantiveram imutáveis mesmo depois da decisão de reduzir o número de vereadores. Há outras coisas mais importantes a serem cuidadas.
Espetáculo inesquecível
Foi comemorado ontem o Dia Mundial do Serviço Leonístico, em solenidade no auditório Nansen Araújo do SESI. Tive a honra de receber a "Comenda JK-cultura, desenvolvimento e Civismo, outorgada pela Academia Mineira de Leonismo. Ouvi três esplêndidos discursos: o de Adalberto Soares Alves, governador do distrito LC-4, o deste admirável César Vanucci e um verdadeiro poema de Carminha Ximenes, a mim dirigido. Recebi com humildade o troféu, mas certo de que durante toda minha vida pública me comportei como autêntico leonino (nasci neste signo) na luta em favor dos despossuídos do Vale do Jequitinhonha, a quem sempre me dediquei. Foi uma noite inesquecível pela beleza do espetáculo propiciado pelo coral do SESI-MINAS e do corpo de baile da mesma instituição. Após todas estas emoções, a alegria de reencontrar e rever dezenas de velhos conhecidos e amigos que fazem parte desta família leonística. Uma noite verdadeiramente ateniense. Consigno a todos eles um "Deus lhes pague".
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Guimarães Rosa
Há 40 anos morria Guimarães Rosa, o mineiro de Cordisburgo. Deixou obra imortal, com feições revolucionárias. Daí seu prestígio em todo o mundo.
domingo, 18 de novembro de 2007
0AB - 77 anos
Não podemos derixar passar sem um registro o 70º aniversário de criação da Ordem dos Advogados do Brasil por Decreto de Getúlio Vargas em 18 de novembro de 1930. Além de cumprimentar seus dirigentes, fazemos votos para que enrijeçam ainda mais o exame da OAB para aqueles que estejam buscando receber a carteira da entidade.
Amazônia em perigo
Pela primeira vez, assustei-me com as declarações do Secretário Geral da ONU sobre a Amazonia, discorrendo abertamente sobre os perigos que ameaçam a área com o aquecimento da terra. São impressionantes as declarações do estadista coreano
solução inteligente
No Estado de São Paulo, em lugar de estimular ou provocar disputa racial, um senhor de cor, chamado José Vicente, fundou uma Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares. Abriga 1400 jovens, dos quais 1120 são negros autodeclarados. Só existe discriminação no Brasil por motivo de cor por parte de pessoas de formação ditatorial ou econômica. No mais, o Brasil é assim, como nesta universidade, convivendo fraternalmente brancos, pretos, mulatos ou amarelos.
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
estudantes de hoje
Na Venezuela, estudantes vão às rua pela democracia. No Brasil, na Bahia, estudantes invadem a reitoria da Universidade Federal.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Greve na França
A esmagadora maioria da opinião pública francesa está ao lado do presidente Sarkozy, contra a greve. É o encontro do novo e moderno estadista com o destino. Se ele errar na decisão, de ficar com a França ou com os sindicatos esquerdistas, sua luminosa carreira poderá apagar-se para sempre. Por sorte, ele tem o modelo de agir de De Gaulle em situação semelhante.
A força da beleza
O consagrado Ivo Pitanguy recomendou moderação na prática de cirurgias plásticas. Tecnicamente perfeito o conselho do notável cirurgião. Mas a pressa pela beleza restaurada não vai levar em conta a prudência do acadêmico e autor dos mais belos rostos do Brasil.
Cadeia para sempre
Aquela moça que, com o namorado e o irmão, assassinou barbaramente seus pais, condenada a 39 anos de reclusão, recorreu ao Supremo Tribunal Federal para sair da cadeia. Felizmente, o STF negou o pedido. Ao contrário, seria como cuspir na cara da sociedade.
Dinheiro jogado fora
O governo federal anuncia uma pesquisa para saber o que os brasileiros pensam sobre a ética. O custo do questionário monta a 150mil reais. Dinheiro jogado fora para tentar demonstrar à população que o governo está preocupado com a ética. Porque não usar este dinheiro para mostrar ao povo que a moral é uma convenção privada, mas a decência é um assunto público.
Acareação útil e necessária
Será útil a acareação entre o corregedor doTribunal de Contas do Estado e o procurador de justiça que denunciou irregularidades naquela instituição. Colocados frente a frente, ambos poderão encontrar a verdade. O episódio servirá também de modelo para quem se sentir injustiçado com o excesso de denúncias vazias de promotores espalhados pelo Estado
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Extorsão consentida
Eis o porquê dos imensos e fantásticos lucros dos bancos: uma prestação de consórcio de carro no Bradesco, no valor de 1.123,26, pagou de juros de mora por UM DIA R$22,83, o equivalente a juros de 2,03% ao dia ou 60,9% ao mês. Enquanto isto, vamos nos distraindo com Hugo Chavez, com poços de petróleo de ficção e o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha pegando fogo em decorrência da seca.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Parecer brilhante e verdadeiro
O parecer da senadora Katia Viana, do Estado de Tocantins, desnudou as contas do governo, demonstrando por "a" mais "b" que a cobrança da CPMF é uma demasia. Brilhante e irrespondível. Interessante foi a declaração do simpático prefeito Fernando Pimentel de que sem a CPMF a saúde vai virar um caos. É impossível atingir desarrumação maior da existente. Para quem duvidar, basta dar uma volta pelos hospitais e casas de saúde da cidade e ver a fotografia do caos representado pelos milhares de usuários do SUS a colocar sua paciência em exercício.
Vereadores - para que mais?
Quando o STF determinou a redução do número de vereadores, deixou intactos os recursos orçamentários destinados à composição modificada. Foi o que se viu pelo Brasil, inclusive comitivas de edis viajando pelo mundo, em vilegiatura paga com dinheiro público, além de outras coisas mais graves. Alguns deputados querem agora aumentar em 8 mil o número de vereadores no Brasil. Somente um Congresso desassisado poderá incorrer em erro tão grave. É consagrar a inutilidade e remunerá-la com o dinheiro do contribuinte.
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
A TV do governo
Por mais explicações apareçam para justificar a criação de uma TV para o governo, que já tem uma pela Radiobrás, não é razoável colocar nas costas do contribuinte despesas tão vultosas. Porque não eliminar as verbas de publicidade, usadas apenas para exaltar o governo, destinando-as à TV governamental. Como tudo que é estatal, permanece o receio de cerceamento da liberdade de imprensa, segundo Rui Barbosa "a mais necessária e a mais conspícua" ou da consolidação de novo núcleo de peleguismo. Vade retro!
domingo, 11 de novembro de 2007
artigo da semana
INSTITUIÇÕES EM CRISE
*Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
Há em todos nós sincero desejo de que tudo corra bem para o país e o seu povo. Quando as manifestações oposicionistas tornam-se mais acesas, pela discordância com rumos e caminhos que governantes desprevenidos conduzem a nação, no íntimo de cada um permanece intacto o desejo de que as coisas caminhem para o leito da normalidade. Enfim, dos desastres ninguém escapará. Por mais estejamos jogando neste time de torcedores do Brasil, somos obrigados a admitir ser bastante séria e preocupante a crise que assola as instituições, tanto as públicas quanto as privadas. O episódio que envolveu uma família em Brasília, quando dois irmãos se conluiaram para assassinar o irmão caçula, com a disformidade moral de serem amantes, revela claramente a decadência da instituição familiar entre nós. Poder-se-á alegar que é um caso isolado, quando, em verdade, a perda de estrutura da confraria doméstica pode ser comprovada pela repetição de casos assemelhados, como, por exemplo, a prisão de vários rapazes e moças pertencentes à denominada classe média, todos envolvidos com o tráfico de drogas e entorpecentes. Será que seus pais não notaram anormalidade no fato dos filhos permanecerem todo o dia ligados ao telefone ou ao computador, sem qualquer trabalho que assegurasse a eles o padrão de vida que ostentavam? É que também eles perderam a noção do sentido e do significado da família, vivendo uma gravíssima crise existencial, que começa com o abandono da crença em Deus e nos valores da religião, seja ela qual for. Mães abandonam filhos que nascem, premidas pelo fantasma da fome e da pobreza, eis alguns sintomas deste mal que assola a instituição familiar, básica em qualquer sociedade, viva ela sob que regime for. Outra entidade em crise é a escola, padecendo das dificuldades decorrentes da falta de recursos, de salários justos para professores e de mestres capacitados para o exercício da nobre e espinhosa missão de ensinar. Os erros na área educacional começam no ensino fundamental, também na escola pública não muito diferentes da escola privada, todas chafurdadas na vastíssima extensão do pântano moral que cobre todo o corpo social. Pessimista? Não, uma visão realista do quadro dantesco que vive o Brasil, enquanto bancos e instituições financeiras atiram no rosto da população, pobre e remediada, os números de seus lucros fantásticos. No meio de tudo isto, a pasmaceira da sociedade, incapaz de se irresignar e reagir contra tal estado de coisas. Os partidos políticos, instituições basilares do regime democrático, transformaram-se em balcões de negócios, sem doutrina ou programa, cada dias mais sensíveis aos acenos fisiológicos do governo, inclusive aqueles designados pelo povo nas eleições para oferecerem oposição aos governantes do dia. Outro tema delicado para fazer sua abordagem sem praticar injustiças ou excessos: a igreja, igualmente, padece de preocupante desajuste, a partir do instante em que jogou por terra sua autoridade ao imiscuir-se na política. Todas elas, de todas as crenças e de todos os deuses, cujos ouvidos tornaram-se sensíveis apenas ao tilintar de moedas em desfavor das orações e dos sentimentos mais nobres. Quando as igrejas permitiram fossem seus púlpitos transformados em palanques de comícios, foram abandonadas pelos fiéis que nelas buscavam tão somente paz e refrigério para seus corações. Restam no Brasil as instituições militares, as únicas que ainda se mostram resistentes à avassaladora decadência moral do país, reconhecidas pela opinião pública, em recente pesquisa, como as únicas merecedoras da confiança total do povo brasileiro. Lamentavelmente, as Forças Armadas estão pagando pesado tributo à desorganização administrativa. O retrato da situação do Exército, por exemplo, com seu equipamento totalmente obsoleto, em condição de verdadeira sucata, sem fardamento, sem armas e munição, aponta-o como incapaz de manter-se como força dissuasória em momentos delicados, que esperamos não surjam. Pela mesma forma, as outras forças da Marinha e da Aeronáutica. Com todas suas instituições fundamentais em crise, fica difícil para o Brasil superar os óbices que se opõem ao seu completo desenvolvimento. Praza aos céus, possamos debelá-los.
*Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
Há em todos nós sincero desejo de que tudo corra bem para o país e o seu povo. Quando as manifestações oposicionistas tornam-se mais acesas, pela discordância com rumos e caminhos que governantes desprevenidos conduzem a nação, no íntimo de cada um permanece intacto o desejo de que as coisas caminhem para o leito da normalidade. Enfim, dos desastres ninguém escapará. Por mais estejamos jogando neste time de torcedores do Brasil, somos obrigados a admitir ser bastante séria e preocupante a crise que assola as instituições, tanto as públicas quanto as privadas. O episódio que envolveu uma família em Brasília, quando dois irmãos se conluiaram para assassinar o irmão caçula, com a disformidade moral de serem amantes, revela claramente a decadência da instituição familiar entre nós. Poder-se-á alegar que é um caso isolado, quando, em verdade, a perda de estrutura da confraria doméstica pode ser comprovada pela repetição de casos assemelhados, como, por exemplo, a prisão de vários rapazes e moças pertencentes à denominada classe média, todos envolvidos com o tráfico de drogas e entorpecentes. Será que seus pais não notaram anormalidade no fato dos filhos permanecerem todo o dia ligados ao telefone ou ao computador, sem qualquer trabalho que assegurasse a eles o padrão de vida que ostentavam? É que também eles perderam a noção do sentido e do significado da família, vivendo uma gravíssima crise existencial, que começa com o abandono da crença em Deus e nos valores da religião, seja ela qual for. Mães abandonam filhos que nascem, premidas pelo fantasma da fome e da pobreza, eis alguns sintomas deste mal que assola a instituição familiar, básica em qualquer sociedade, viva ela sob que regime for. Outra entidade em crise é a escola, padecendo das dificuldades decorrentes da falta de recursos, de salários justos para professores e de mestres capacitados para o exercício da nobre e espinhosa missão de ensinar. Os erros na área educacional começam no ensino fundamental, também na escola pública não muito diferentes da escola privada, todas chafurdadas na vastíssima extensão do pântano moral que cobre todo o corpo social. Pessimista? Não, uma visão realista do quadro dantesco que vive o Brasil, enquanto bancos e instituições financeiras atiram no rosto da população, pobre e remediada, os números de seus lucros fantásticos. No meio de tudo isto, a pasmaceira da sociedade, incapaz de se irresignar e reagir contra tal estado de coisas. Os partidos políticos, instituições basilares do regime democrático, transformaram-se em balcões de negócios, sem doutrina ou programa, cada dias mais sensíveis aos acenos fisiológicos do governo, inclusive aqueles designados pelo povo nas eleições para oferecerem oposição aos governantes do dia. Outro tema delicado para fazer sua abordagem sem praticar injustiças ou excessos: a igreja, igualmente, padece de preocupante desajuste, a partir do instante em que jogou por terra sua autoridade ao imiscuir-se na política. Todas elas, de todas as crenças e de todos os deuses, cujos ouvidos tornaram-se sensíveis apenas ao tilintar de moedas em desfavor das orações e dos sentimentos mais nobres. Quando as igrejas permitiram fossem seus púlpitos transformados em palanques de comícios, foram abandonadas pelos fiéis que nelas buscavam tão somente paz e refrigério para seus corações. Restam no Brasil as instituições militares, as únicas que ainda se mostram resistentes à avassaladora decadência moral do país, reconhecidas pela opinião pública, em recente pesquisa, como as únicas merecedoras da confiança total do povo brasileiro. Lamentavelmente, as Forças Armadas estão pagando pesado tributo à desorganização administrativa. O retrato da situação do Exército, por exemplo, com seu equipamento totalmente obsoleto, em condição de verdadeira sucata, sem fardamento, sem armas e munição, aponta-o como incapaz de manter-se como força dissuasória em momentos delicados, que esperamos não surjam. Pela mesma forma, as outras forças da Marinha e da Aeronáutica. Com todas suas instituições fundamentais em crise, fica difícil para o Brasil superar os óbices que se opõem ao seu completo desenvolvimento. Praza aos céus, possamos debelá-los.
retrato sem retoque
Com a realização do ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) o Brasil terá hoje o retrato sem retoques do ensino superior no Brasil. Vamos aguardar o resultado para tirar conclusões
estudantes de hoje
Os da Venezuela fazem protestos nas ruas contra a falta de liberdade. Em São Paulo, invadem e depredam reitorias.
Desperdício de água
O mundo inteiro reclama da finitude das águas. Todavia, gastam-nas em abundânca, em jatos, para reprimir protestos nas ruas. Para não jogarmos fora tanta água, porque não propor aos governos andarem nos trilhos?
sábado, 10 de novembro de 2007
discurso exato
Por razões protocolares, quase sempre estou presente em solenidades oficiais, das quais participa o governador Aécio Neves. Normalmente, ele discursa e o faz com precisão vernacular e retórica. O discurso que pronunciou na Fundação Dom Cabral, durante a entrega do Prêmio José Costa, deu-me a forte impressão de compromisso de candidato à presidência, tal seu denso conteúdo político e programático. Achei-o na medida exata para seduzir o Brasil, hoje cansado do estatismo inútil e perdulário, de aparelhamento partidário, de falta de rumos. Minas inteira pode subscrevê-lo.
Chavez e o Mercosul
Se as regras do Mercosul impõem aos participantes a prática do regime democrático, como o Brasil votar favoravelmente à entrada da Venezuela no consórcio? A não ser que entendamos por democracia algo diferente ao que está acontecendo no país vizinho do norte.
Uma previsão sinistra
"O futuro do Brasil tem a cara que as escolas têm no presente". A frase é do senador Cristovam Buarque, apaixonado pelo tema educação
cientistas políticos
Com grande foguetório, o governo anuncia que poderá exportar petróleo. No futuro. Quanto aos cientistas políticos, já os podemos exportar, desde já. Temos em quantidade.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
A descoberta do petróleo e Abgar Renault
O mestre Abgar Renault, no seu livro Reflexões efêmeras, diz que "o Brasil será um grande país no dia em que os brasileiros descobrirem que não são ricos, nem inteligentes, nem cultos". O anúncio da descoberta de uma província petrolífera além da plataforma atlântica, já identificada há dois anos e que somente poderá entrar em produção a partir do ano 2012, demonstra a certeza da afirmação do mestre Abgar. Pretendendo iludir o povo e o mundo, o Brasil será o único país a exportar petróleo com manchete de jornal, no mesmo instante em que o Ministro de Minas e Energia recomenda aos taxistas e proprietários de veículos não promoverem mais a adoção do gás como combustível. É possível que nos tornemos ricos quando o ouro negro que está a 6.740 metros de profundidade for alcançado. Cultos, talvez demore um pouco mais, se a educação no Brasil continuar no ritmo atual. Quanto a inteligentes, estou em desacordo com Abgar. Somos muito inteligentes, conquanto tenhamos fases de total obscurecimento, especialmente nas eleições.
Ritual acadêmico - Comunicação a Dom Walmor
Os membros da Academia Mineira de Letras cumpriram ontem à noite o protocolo acadêmico, comunicando oficialmente a Dom Walmor Oliveira de Azevedo sua eleição para a cadeira de nº 11, antes ocupada por Dom João de Resende Costa. Eleito por unanimidade, decorrência de sua presença cada dia mais influente em Belo Horizonte pelo seu texto escorreito e sua palavra eloqüente e persuasiva, Dom Walmor recebeu os acadêmicos no Palácio Arquiepiscopal Cristo Rei e, depois de agradecer as palavras que lhe dirigi, conduziu-nos à capela do Palácio para uma oração de ação de graças ante o Santíssimo exposto. A eleição de Dom Walmor, uma solução natural para a vaga de Dom João, envolve mensagem bem clara aos mineiros, numa hora em que a Igreja está sofrendo tenaz e insidiosa campanha, de renovar a confiança em sua fé católica, além dos títulos intelectuais que colocam o arcebispo de Belo Horizonte como dos mais altos valores da hierarquia da Igreja no Brasil. Sua posse ocorrerá no ano de 2008, logo após o carnaval.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
Lição de Augusto Meyer a jovens escritores
Na recente publicação da José Olímpio, sob os auspícios da Academia Brasileira de Letras, Augusto Meyer em seus ensaios escolhidos cita Charles Bailly: "Na verdade, a pessoa mais culta conhece quando muito uma terça parte das palavras catalogadas no dicionário, e longe estão os dicionários de um registro completo dos vocábulos de uma língua" para extrair um conselho a jovens e velhos escritores. Diz ele (pag. 19): "Sabendo de antemão que lá pelos fins da vida não chegará a conhecer senão uma quarta parte (Bailly é otimista) dos tesouros da língua, nem por isso você conquistou o direito de bocejar sobre os dicionários. Trate de capinar estas glebas enquanto há fôlego, ao menos para saber o sim e o não das palavras, o como, o quando, o onde". O ensaio sob o título Epístola a Porfírio é de notável lucidez. A Augusto Meyer, jovens e não jovens escritores.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
tragédia familiar
A tragédia que destroçou uma família em Brasília parece conto de ficção. Um irmão e a irmã, amantes, conluiam-se para assassinar o irmão mais novo. Montam a cena do crime com requintes de verdadeiros profissionais. Simulam um sequestro para extorquir. Acabam cometendo o delito e enterram a vítima em local descoberto pela polícia. Com as palavra os educadores, pedagogos, psicólogos, enfim, quantos tentam entender a alma humana e interpretá-la. Para quem é leigo nestas matérias e apenas fundado na experiência de vida é permitido dar um palpite sobre as eventuais causas desta tragédia: destruição dos valores da família pelas drogas e o sexo livre, crise nas escolas por ministrarem uma educação falha e desprovida de conceitos axiológicos. Perda da noção de dignidade e afastamento de Deus. Pobre família, estigmatizada para sempre pela morte e o crime. Pobre sociedade brasiliense, para quem Dom Bosco previu uma terra de mel e paz. Que Deus tome conta dela e a proteja.
aviso aos imprudentes
Assistindo a esta campanha contra a Igreja, lembrei-me de um comentário de um filósofo na segunda metade do século 19, duro período por que passou a Igreja Católica após o advento do marxismo:
"A Igreja viu os primórdios de todas as instituições que o nosso mundo conhece, e nós não temos absoluta certeza de que não esteja também destinada a lhes ver o fim"
Para meditação dos imprudentes
"A Igreja viu os primórdios de todas as instituições que o nosso mundo conhece, e nós não temos absoluta certeza de que não esteja também destinada a lhes ver o fim"
Para meditação dos imprudentes
Citação
"O papel da oposição é criar dificuldades para o governo" .Gustavo Capanema, do livro Pensamentos
terça-feira, 6 de novembro de 2007
A questão do aborto, da violência e o silêncio de ouro
As declarações do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, estabelecendo relação de causa e efeito entre violência e índice de natalidade, com a infeliz sugestão subliminar de que o aborto seria a solução para inibir o processo, serve de exemplo para quantos participam da atividade política. Tanto quanto os peixes, políticos morrem pela boca. O vitorioso governador carioca foi vítima de uma doença que acomete os noviços e os imprudentes: o furor publicitário. Ficam magnetizados diante de câmeras de televisão ou gravadores e vão falando o que lhes vem na cabeça. Resultado: no dia seguinte, a correria dos desmentidos e das tentativas de explicações. Nestes momentos, tomem como modelo os velhos políticos mineiros, que jamais perdiam o amigo ou a oportunidade em troca de uma declaração. Foi daí que Magalhães Pionto tirou o slogan que ficou célebre: Minas trabalha em silêncio. Basta acompanhar o governador Aécio Neves, onde a prudência assentou barraca.
Uma entrevista sensacional
O jornal Estado de São Paulo publicou no último domingo, no caderno Aliás, interessante entrevista do historiador Hilário Franco Jr, que presta serviços ao Instituto de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Deve ser lida, para que todos se certifiquem dos rumos do futebol brasileiro e suas repercussões na vida da população. Assisti outro dia a uma interessante concentração de jovens pobres, diria, muito pobres, lutando pela retomada de um clube de futebol na cidade de Minas Novas-MG. Todos alimentam o sonho de, pela profissionalização, buscar a independência econômica e financeira através do futebol e dos contratos milionários em dólares. O resto não interessa. A entrevista do sr. Hilário Franco Jr. aborda com clareza e inteligência todos estes problemas, trazendo ao conhecimento do público brasileiro uma incômoca verdade: se tirar o futebol e as tragédias da cena, o Brasil desaparece do mapa mundi. A propósito deste, também causou susto o resultado da pesquisa feita pela OCDE (Prova Brasil) com 1000 estudantes brasileiros. Colocados diante de uma carta geográfica mundial, 50 por cento deles não conseguirm apontar o lugar do mundo onde está o Brasil. Com estes resultados e estas constatações, creio que os inúmeros cientistas políticos que abundam nas televisões e universidades podem concluir que a causa imediata dos problemas críticos vividos pelo Brasil é uma só: EDUCAÇÃO
A discussão iniciada pelo Supremo Tribunal Federal para decidir sobre o julgamento do ex-deputado Ronaldo Cunha Lima, que renunciou ao mandato, parece sinalizar nova postura da Suprema Corte com relação à necessidade de pôr termo ao uso imoderado do foro privilegiado, prerrogativa que deveria somente ser usada em casos de crimes políticos, jamais para crimes comuns. Se o Supremo assim decidir, seus componentes, mais uma vez, receberão os aplausos do povo brasileiro
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Novos municípios - mais ônus para o contribuinte
817 distritos brasileiros aguardam a aprovação no Congresso de permissão para serem elevados a município. Já são mais de 5 mil e em Minas Gerais 853, em sua grande maioria impotentes para prover sua própria administração. Além dos defeitos já observados da corrupção, nepotismo, câmara de vereadores ineficientes, criar mais municípios é impor uma sobrecarga tributária nas costas do contribuinte brasileiro. No caso mineiro, cerca de 70 por cento dos municípios vivem apenas por conta do FPM.
domingo, 4 de novembro de 2007
País do deboche
PAÍS DO DEBOCHE
* Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
No ano de 1993, o então governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima, tentou contra a vida de Tarcísio Burity, ex-governador de seu Estado, disparando contra ele três tiros. As seqüelas o mataram dez anos depois. O governador, quase assassino, teve a licença negada para quer fosse iniciado o processo penal, que somente teve curso após sua saída do governo e eleição para o Senado Federal, já aí no Supremo Tribunal Federal por força do privilégio de foro. Decorridos quatorze anos do crime, à véspera do seu julgamento, o deputado Ronaldo Cunha Lima renuncia o mandato, impedindo o veredicto final da Corte Suprema por força da volta dos autos à justiça comum da Paraíba. O episódio mostra esta constante na vida do Brasil, um país do deboche. Como classificar toda esta história senão como deboche, escárnio ou qual adjetivo mais pejorativo encontrar no dicionário para carimbá-la. Evitando o andamento do processo pelo emaranhado de dispositivos em nosso Código de Processo Penal, feito para manter este glorioso campeonato de impunidade que dá ao Brasil mais um de seus títulos de desonra, procrastinou durante quatorze anos através de incidentes processuais, assentados sobre a inexplicável e inextirpável morosidade da Justiça brasileira. Seu julgamento tinha data marcada para acontecer e dele era relator o Ministro Joaquim Barbosa, ganhador de justa notoriedade pelo seu desassombro com que relatou o processo contra a quadrilha do “mensalão”. Havia no ar cheiro de condenação. Valendo-se de um direito assegurado em lei, o deputado Ronaldo Cunha Lima renuncia seu mandato com a cínica justificativa de que desejava ser julgado por “seus iguais” paraibanos. Um deboche e um escárnio, como o Ministro Barbosa classificou o gesto despudorado do conterrâneo de José Lins do Rêgo. Para completar sua irresignação, o Ministro Joaquim Barbosa deveria também ter colocado com ferro em brasa na face da Justiça, para marcá-la com a denúncia contra esta recorrente e indefinida morosidade que só favorece os delinqüentes. A legitimidade de seu desabafo ficou comprometida pelos 14 anos de espera da decisão, em autos que jaziam imexidos nos desvãos das prateleiras do Tribunal. Para dar maior graça a este ar de deboche nas coisas do Brasil, senadores e deputados, poucos é verdade, saudaram o gesto do ex-governador da Paraíba como atitude de nobreza moral. Por sorte, a grande maioria dos componentes do Congresso Nacional preferiu mergulhar-se no silêncio profundo pela vergonha do labéu que lhe foi lançando ao rosto. De todo este triste episódio, é possível retirar algumas conclusões preocupantes. O povo brasileiro está anestesiado. Com sua capacidade de indignação amortecida. Alguns jornalistas, caracterizados pela coragem, trataram do assunto com palavras justas e adequadas, como se fossem clamantes num deserto de conveniências de toda natureza que predomina nos negócios públicos e privados deste imenso país. É o caso de se perguntar aos ministros do nosso Supremo Tribunal. Como ultimamente, tem sido norma da Suprema Corte absorver poderes até então da competência do Congresso Nacional, legislando para socorrer a sociedade com leis que a inação do legislativo não consegue produzir, porque não, por decisões e julgados terminativos, com o timbre de súmula vinculante, reagir contra o escárnio de que foi vítima fixando regras específicas para evitar casos tão vergonhosos como este? Vamos mergulhar no formalismo jurídico, será a resposta, que é útil num país sério, mas prejudicial num com esta enorme disposição para o deboche. Norberto Bobbio, nos seus escritos autobiográficos, tem uma lição inolvidável sobre as relações entre Direito e Poder, para ele, duas faces da mesma moeda, ambas imprescindíveis à sociedade. “Onde o direito é impotente, a sociedade corre o risco de precipitar-se na anarquia; onde o poder não é controlado, corre o risco oposto, do despotismo”. Do desequilíbrio entre os dois na atualidade brasileira, decorre este estado de frouxidão moral em que está mergulhado o país.
* Murilo Badaró – Presidente da Academia Mineira de Letras
No ano de 1993, o então governador da Paraíba, Ronaldo Cunha Lima, tentou contra a vida de Tarcísio Burity, ex-governador de seu Estado, disparando contra ele três tiros. As seqüelas o mataram dez anos depois. O governador, quase assassino, teve a licença negada para quer fosse iniciado o processo penal, que somente teve curso após sua saída do governo e eleição para o Senado Federal, já aí no Supremo Tribunal Federal por força do privilégio de foro. Decorridos quatorze anos do crime, à véspera do seu julgamento, o deputado Ronaldo Cunha Lima renuncia o mandato, impedindo o veredicto final da Corte Suprema por força da volta dos autos à justiça comum da Paraíba. O episódio mostra esta constante na vida do Brasil, um país do deboche. Como classificar toda esta história senão como deboche, escárnio ou qual adjetivo mais pejorativo encontrar no dicionário para carimbá-la. Evitando o andamento do processo pelo emaranhado de dispositivos em nosso Código de Processo Penal, feito para manter este glorioso campeonato de impunidade que dá ao Brasil mais um de seus títulos de desonra, procrastinou durante quatorze anos através de incidentes processuais, assentados sobre a inexplicável e inextirpável morosidade da Justiça brasileira. Seu julgamento tinha data marcada para acontecer e dele era relator o Ministro Joaquim Barbosa, ganhador de justa notoriedade pelo seu desassombro com que relatou o processo contra a quadrilha do “mensalão”. Havia no ar cheiro de condenação. Valendo-se de um direito assegurado em lei, o deputado Ronaldo Cunha Lima renuncia seu mandato com a cínica justificativa de que desejava ser julgado por “seus iguais” paraibanos. Um deboche e um escárnio, como o Ministro Barbosa classificou o gesto despudorado do conterrâneo de José Lins do Rêgo. Para completar sua irresignação, o Ministro Joaquim Barbosa deveria também ter colocado com ferro em brasa na face da Justiça, para marcá-la com a denúncia contra esta recorrente e indefinida morosidade que só favorece os delinqüentes. A legitimidade de seu desabafo ficou comprometida pelos 14 anos de espera da decisão, em autos que jaziam imexidos nos desvãos das prateleiras do Tribunal. Para dar maior graça a este ar de deboche nas coisas do Brasil, senadores e deputados, poucos é verdade, saudaram o gesto do ex-governador da Paraíba como atitude de nobreza moral. Por sorte, a grande maioria dos componentes do Congresso Nacional preferiu mergulhar-se no silêncio profundo pela vergonha do labéu que lhe foi lançando ao rosto. De todo este triste episódio, é possível retirar algumas conclusões preocupantes. O povo brasileiro está anestesiado. Com sua capacidade de indignação amortecida. Alguns jornalistas, caracterizados pela coragem, trataram do assunto com palavras justas e adequadas, como se fossem clamantes num deserto de conveniências de toda natureza que predomina nos negócios públicos e privados deste imenso país. É o caso de se perguntar aos ministros do nosso Supremo Tribunal. Como ultimamente, tem sido norma da Suprema Corte absorver poderes até então da competência do Congresso Nacional, legislando para socorrer a sociedade com leis que a inação do legislativo não consegue produzir, porque não, por decisões e julgados terminativos, com o timbre de súmula vinculante, reagir contra o escárnio de que foi vítima fixando regras específicas para evitar casos tão vergonhosos como este? Vamos mergulhar no formalismo jurídico, será a resposta, que é útil num país sério, mas prejudicial num com esta enorme disposição para o deboche. Norberto Bobbio, nos seus escritos autobiográficos, tem uma lição inolvidável sobre as relações entre Direito e Poder, para ele, duas faces da mesma moeda, ambas imprescindíveis à sociedade. “Onde o direito é impotente, a sociedade corre o risco de precipitar-se na anarquia; onde o poder não é controlado, corre o risco oposto, do despotismo”. Do desequilíbrio entre os dois na atualidade brasileira, decorre este estado de frouxidão moral em que está mergulhado o país.
sábado, 3 de novembro de 2007
Inauguração do blog
Estou inaugurando hoje o blog. Decvidi pela sua criação em facer da necessidade de aumentar o universo de intercomunicação dominado pela internet, especialmente pelo indescritível poder formador de opin~ião no Brasil e no mundo. Como escrevo regularmente para jornais de Minas e do Brasil, ficarei muito feliz se puder estabelecer com outros blogueiros um relacionamento elevado de discussão dos temas neles abordados. Sds cordiais Murilo Badaró
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