segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

O "nariz de judeu" ideológico II

Lembrei-me disso a propósito do artigo do crítico Wilson Martins “Imposturas do nosso tempo”, comentando o livro de Afonso Romano Santana O enigma vazio: impasses da arte e da crítica, em que o poeta mineiro vergasta impiedosamente o embuste do urinol de Marcel Dechamp, erigido à categoria de obra de arte. Wilson Martins comenta a obra de Afonso Romano, inserindo na análise conceitos políticos para concluir que a “arte moderna seria um fenômeno do século 20, como o stalinismo foi a transcrição bastarda do marxismo oitocentista”. Martins aprecia outros aspectos dessa perturbadora deformação de conceitos para concluir que “os críticos passaram a se embriagar com a própria linguagem, criando o psitacismo que passa, em nossos dias, por crítica de arte. E arremata para realçar que, “de experimental, a arte tornou-se canônica e imitativa” , voltando a Santanna para arrematar dizendo que “no espaço dessacralizador da vanguarda, alguns autores e obras são tratados como se estivessem na esfera do sagrado, da hagiologia – ou seja, como se fossem santos , como se devessem permanecer intocáveis num altar, revestidos com uma auréola, como se qualquer aproximação crítica que não fosse louvação {. . .}constituísse em si uma profanação”.

Nenhum comentário: