segunda-feira, 18 de maio de 2009
O sofá da sala e o ilusionismo político I
Estava relendo coisas a propósito da anunciada reforma política com discussão iniciada no Congresso. O assunto sempre mereceu olhos e ouvidos atentos da opinião pública. Afinal, dela depende a boa ou má qualidade da elite parlamentar no Brasil. O cerne da questão deveria ser a transformação do regime presidencialista em parlamentarista, solução de tal dimensão e boas virtudes que eliminaria os vícios do sistema que, entre nós, adquire cada vez mais tonalidades imperiais. A inexistência de condições políticas para tanto acaba por conduzir a reforma para questões pontuais, podendo ou não trazer melhoras no processo de seleção da representação nacional. Uma pena estejam em estado de letargia os defensores do parlamentarismo, quedos e mudos diante dos males institucionais gerados no ventre do presidencialismo imperial praticado no país. Recusando-se a assinar a emenda parlamentarista de Raul Pila, em 1946, Milton Campos adere 11 anos depois à proposta, profundamente impressionado com a solidão que aprisionava Vargas no Palácio do Catete e seu gesto extremo e dramático do suicídio. E dava suas razões: “Não se trata de mudança de convicções”, dizia o grande mineiro que sempre combateu a “disponibilidade moral e intelectual nos homens públicos que os leva a flutuar ao sabor dos acontecimentos”, afirmando que “o homem público deve adotar a posição de suas idéias e não as idéias de sua posição”.
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